China começa investigação contra Micron, dos EUA, por “riscos à segurança”
O governo da China começou uma investigação contra a Micron, fabricante de chips dos EUA, ao alegar “riscos à segurança nacional”. O CAC (Administração do Ciberespaço da China) anunciou a abertura do processo na última sexta-feira (31).
“A fim de garantir a segurança da cadeia de suprimentos da infraestrutura de informações essenciais, evitar riscos de segurança de rede causados por problemas ocultos de produtos e manter a segurança nacional, o Escritório de Revisão de Segurança Cibernética segue as “Medidas” de Revisão de Segurança de Rede para implementar uma revisão de segurança cibernética dos produtos vendidos pela Micron na China”
– CAC (Administração do Ciberespaço da China)
A declaração chinesa vem na esteira de uma disputa acirrada entre EUA e China na esfera do comércio internacional. Washington já impôs uma série de freios contra a gigante de telecomunicações Huawei ao alegar que a companhia apoia Pequim na espionagem de nações estrangeiras.
Tanto a China quanto a Huawei negam qualquer interferência governamental nos serviços. Mesmo assim, legisladores dos EUA e do Reino Unido avançaram com um pedido de remoção e substituição dos pedidos da fabricante chinesa.
É possível que, por causa das sanções à Huawei, a investigação da China contra a Micron seja uma “retaliação” aos esforços dos EUA para derrubar a concorrência chinesa no campo das telecomunicações e semicondutores.
Pano de fundo
A Micron é a única empresa com sede nos EUA no mercado global de chips de memória. Agora, está construindo uma nova fábrica estimada em US$ 15 bilhões no estado de Nova York. A companhia recebeu o investimento depois que o presidente Joe Biden forneceu US$ 52 bilhões em subsídios à indústria de semicondutores nos EUA, em agosto de 2022.
O objetivo era estimular a criação de grandes fábricas de chips nos EUA e, com isso, reduzir a dependência da Ásia — em especial, a China. Mesmo assim, a Micron tem um pé no território chinês: o fabricante obtém quase 10% de sua receita do país.
A Micron disse ao site The Register que estava ciente e cooperaria com a investigação. “A Micron está comprometida em conduzir todos os negócios com integridade inflexível e mantemos a segurança de nossos produtos e nossos compromissos com os clientes”, disse um porta-voz. Até o momento, as operações na China continuam normalmente.