Chinês usa IA para ressuscitar e conversar com a avó morta
Depois que a IA (inteligência artificial) aproximou pessoas de personagens, ídolos e celebridades, um cidadão chinês de 24 anos resolveu usar plataformas como Midjourney e ChatGPT para criar uma versão digital de sua falecida avó.
O jovem, que vive em Xangai, treinou o chatbot ultra responsivo da OpenAI para que se comportasse da mesma forma que a idosa. Depois, carregou o material no D-ID, site que permite que os usuários criem seus próprios bots de conversação imersiva via IA.
“Eu compartilhei muitos detalhes da vida da minha avó com o ChatGPT esperando que ele pudesse entender os antecedentes, a fala da família e, assim, se comunicasse comigo no tom dela”, relatou o jovem de sobrenome Wu ao jornal South China Morning Post.
Além da forma de falar, ele também subiu várias fotos da idosa no Midjourney e usou gravações de sua voz para sintetizar um vocabulário mais amplo. Deu certo: um vídeo compartilhado por Wu na rede chinesa Billibilli, a avó conversa com o neto.
A imagem é realmente impressionante: a figura da avó se mostra atenta, como se escutasse o que o jovem diz. Ela também mexe a boca ao falar e gesticula como se estivesse em uma conversa verdadeira.
Segundo Wu, o único empecilho é que o chatbot não consegue ir além de conversas simples. Qualquer tema mais complexo faz com que a IA trave e não consiga compreender.
Conselhos após a morte
Wu era muito próximo da avó e a acompanhou nos seus últimos dias de vida. Como estava em coma, não pôde se despedir nem falar com ela no período. Ela adoeceu em janeiro, depois de pegar Covid-19, e morreu aos 84 anos.
Segundo Wu, a avó costumava lhe dar conselhos – o que agora se repete via IA. “Vovó, meu pai e eu voltaremos para nossa cidade natal para celebrar o Ano Novo Lunar com vocês este ano”, diz Wu na gravação. “Meu pai ligou para você, o que disse a ele?”
“Eu disse a ele para não beber vinho. Seja econômico e não jogue cartas”, responde a IA que imita a idosa.
Em outro trecho do vídeo, o jovem pede o que a avó comprou para a tradição chinesa Ano Novo Lunar. “Comprei duas garrafas de óleos comestíveis. Os próprios agricultores pressionavam os óleos. Cheira perfumado, haha, 75 yuans a garrafa”, responde ela.
“Me sinto bem em poder olhar para a vovó e conversar mais com ela”, contou Wu. Segundo ele, por fim, o projeto oferece “conforto psicológico”.