Uma pessoa que vive na Ásia tem percepções olfativas diferentes de outra que vive nas Américas, por exemplo. Isso porque são duas culturas distintas, com seus próprios costumes e tradições.
Mas um estudo recém publicado na revista científica Current Biology mostra que a história não é bem essa. Na verdade, as pessoas de diferentes cantos do mundo tendem a gostar (ou não) dos mesmos cheiros, sem grande influência cultural.
Para chegar a essa conclusão, uma equipe internacional de pesquisadores testou pessoas de nove comunidades indígenas ao redor do globo. Tais grupos foram escolhidos por terem pouco ou nenhum contato com alimentos ou artigos domésticos ocidentais.
Então, 235 voluntários ao redor do mundo foram convidados a sentir cheiros e classificá-los em uma escala de agradável a desagradável.
Vale dizer que os odores foram selecionados com base em um estudo prévio com moradores dos EUA, que tiveram que classificar quão agradáveis eram 476 cheiros diferentes.
Ao cruzar os dados, o resultado foi unânime: o cheiro favorito foi o de baunilha, seguido pelo de pêssego. O odor de chulé ficou no final da lista, como o mais intolerável.
De acordo com os pesquisadores, a cultura influenciou em apenas 6% no ranking de “agradabilidade”. O gosto pessoal explicou 54% do resultado, enquanto a identidade molecular foi responsável por 41%.
Mas o que essa “identidade molecular” significa, afinal? Os cientistas acreditam que os humanos aprenderam a gostar ou rejeitar as moléculas de odor por questões de sobrevivência, criando uma assinatura em nosso código genético. Doido. não?
“O próximo passo é estudar por que isso acontece, ligando esse conhecimento ao que acontece no cérebro quando cheiramos um odor específico”, explicou Artin Arshamian, pesquisador do Departamento de Neurociência Clínica do Instituto Karolinska, na Suécia, em comunicado.