Cidade nos EUA baniu novas operações de mineração de criptomoeda
Os moradores de Plattsburgh, em Nova York, estão de saco cheio. Na quinta-feira (15), a câmara municipal aprovou uma moratória de 18 meses para novas operações de mineração de criptomoeda. A proibição será usada pelas autoridades para entenderem os efeitos da atividade no uso de eletricidade do município.
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A maioria das criptomoedas requerem um processo de mineração, no qual servidores são usados para resolver equações complexas — o computador que obter a resposta antes, ganha uma moeda virtual. Este processo exige bastante eletricidade, e as pessoas que têm sucesso nessa área geralmente conta com diversos equipamentos para mineração. Para economizar energia, alguns mineradores começaram a migrar para cidades em que a energia é barata e, pelo jeito, as autoridades só estão notando agora o custo que essas operações têm trazido para as cidades.
Em uma assembleia recente na câmera, Plattsburgh decidiu assumir o problema e determinou que não haveria mais operações de mineração pelos próximos 18 meses. As operações existentes não serão afetadas pela proibição.
Colin Read, prefeito de Plattsburgh, disse ao Motherboard que sua cidade tem o “custo de energia mais barato do mundo” graças à proximidade da cidade com uma usina hidrelétrica. O custo médio nacional da energia nos Estados Unidos é de US$ 0,10 por kwh; em Plattsburgh, é US$ 0,045. No entanto, a cidade decidiu oferecer para algumas companhias o custo de US$ 0,02 por kwh, e aí os mineradores começaram a ir para o local.
De acordo com o Motherboard, Plattsburgh obtém 104 mwh de eletricidade por mês, e se exceder isso, a cidade pode comprar energia adicional a um preço muito alto. Em janeiro, Plattsburgh usou tanta eletricidade que a conta de todo mundo aumentou — eu alguns casos chegando entre US$ 100 e US$ 200. Embora isso geralmente aconteça no inverno, a Comissão de Serviço Público (PSC, na sigla em inglês) concluiu que em média houve um aumento de US$ 10 na conta dos moradores em janeiro por causa de duas empresas de criptomoeda. A maior operação, Coinmint, usou 10% da energia da cidade em janeiro e fevereiro.
Legisladores locais planejam trabalhar junto com as operações de mineração já instaladas na cidade e usar este tempo de moratória para tentar encontrar uma solução permanente. Na quinta-feira, a PSC deu poder às autoridades de impor tarifas aos mineradores de criptomoedas, e o prefeito Read disse ao Motherboard que seria impossível para a cidade cobrir o uso excedente da energia.
No fim das contas, tudo isso nos leva a uma questão maior: o valor econômico do bitcoin. Quando uma cidade reduz a tarifa de energia é para encorajar o investimento da indústria, mas se a eletricidade beneficia apenas mineradores, o que a cidade ganha em troca?
A Coinmint, uma companhia baseada em Porto Rico, não necessariamente cria empregos. Um moradora da cidade chamado Tom Hilsworth disse à NBC 5 que ele teme que Plattsburgh perca o boom da tecnologia blockchain se a cidade não aceitar este tipo de operação. No entanto, blockchain não produz nada.
Algumas pessoas estão ganhando algumas criptomoedas que podem ser convertidas em dinheiro tributável, e tem algumas novos empregos técnicos aleatórios sendo criados, mas tudo isso é distante dos benefícios que uma indústria tradicional poderia trazer. E com o valor de criptomoedas caindo nos últimos meses, esse setor pode permitir retornos ainda menores para mineradores e, consequentemente, para a cidade, que já não tem muitos benefícios com a atividade.
[Motherboard, NBC 5, Plattsburgh City Council]
Imagem do topo: Getty