A pandemia de Covid-19 mobilizou cientistas em todo o mundo na busca por novas ferramentas para combater o vírus. Na UFPR (Universidade Federal do Paraná), uma parceria entre físicos e bioquímicos resultou na criação de um biossensor ótico capaz de identificar a presença do vírus.
O DiNE (Grupo de Pesquisa de Dispositivos Nanoestruturados) e o NFN (Núcleo de Fixação Biológica de Nitrogênio) uniram forças para desenvolver um dispositivo que pode detectar pequenas quantidades de anticorpos, oferecendo alta sensibilidade e reduzindo o risco de falsos negativos.
O biossensor, no entanto, detecta apenas o anticorpo, o que limita seu uso após a vacinação em massa. Mas os pesquisadores já estão adaptando o dispositivo para detectar o vírus diretamente.
De acordo com o professor Emanuel Maltempi, um dos pesquisadores envolvidos no projeto, o biossensor poderia ter sido uma ferramenta valiosa para testes mais práticos e rápidos durante a pandemia. “Seria uma técnica muito barata que poderia ser usada até no consultório do médico com uma gota de sangue do dedo”, afirmou em um comunicado.
O que são biossensores e como eles detectam a Covid
Os biossensores possuem três elementos. Um biorreceptor, um transdutor (que converte um sinal bioquímico em um sinal mensurável) e uma unidade de processamento de sinal.
Quando o biorreceptor interage com o material de análise, ele gera um sinal. Um exemplo famoso é o sensor de glicose oxidase, que detecta a presença de glicose no sangue.
No caso do biossensor desenvolvido pela UFPR, ele forma-se camada a camada usando um polímero semicondutor F8T2 como base. Quando este material é submetido a uma fonte de luz, ele emite um padrão luminoso conhecido pelos cientistas.
Quando fazemos o exame com o material coletado de um paciente com Covid-19, reproduzimos o processo do vírus causador da Covid-19 se ligando à célula para introduzir seu material genético, mas na superfície do biossensor. Assim, quando o anticorpo se liga ao antígeno presente no sensor, ele altera a fotoluminiscência do polímero, indicando a presença do vírus.
De acordo com a UFPR, esta descoberta representa um grande avanço na luta contra a Covid-19. Ela também abre caminho para o desenvolvimento de testes clínicos mais seguros e baratos.