Ciência

Cientistas descobrem estrutura de óvulos que pode explicar infertilidade

Feixes que armazenam proteínas nos óvulos são essenciais para viabilizar embrião; genética está envolvida no processo de infertilidade
Imagem: videomediaart/ Pixabay/ Reprodução

Na década de 1960, pesquisadores identificaram feixes flutuando pelas células de óvulos de mamíferos. Por muitos anos, eles se perguntaram sobre o propósito dessas estruturas. Agora, um estudo publicado na revista Cell conseguiu a resposta – e ela traz novas explicações para a infertilidade.

Alimentando o óvulo

De modo geral, óvulos maduros contêm material derivado da mãe, o que é essencial para sua divisão e crescimento após a fertilização. Contudo, um óvulo pode não ser fertilizado imediatamente na maturação. Nesses casos, o material precisa ser armazenado.

Para isso, é preciso quebrar e reciclar proteínas que ainda não foram utilizadas. E é aí que entram os feixes descobertos há 60 anos. 

No novo estudo, pesquisadores descobriram que essas fibras são locais de armazenamento para muitas proteínas essenciais ao desenvolvimento do embrião. Então, nesses casos, o óvulo resolve o problema anexando proteínas aos feixes, onde elas parecem estar isentas dos processos de reciclagem.

Além disso, os cientistas descobriram que os filamentos são compostos pelas proteínas PADI6 e SCMC, entre outras. Portanto, desativar os genes que as produzem interrompe também os feixes e o armazenamento das proteínas. Por fim, isso resulta em embriões inviáveis.

Uma das razões para a infertilidade

Dessa forma, a descoberta pode explicar por que os mamíferos cujos óvulos carecem totalmente dessas fibras são inférteis. De acordo com os cientistas, isso também se aplica aos óvulos humanos, permitindo compreender algumas formas de infertilidade. 

Geralmente, os óvulos fertilizados em pessoas que têm mutações nesses genes não progridem além da primeira divisão. Agora, com essa informação, pesquisadores compreenderam que, nesses casos, nem mesmo uma Fertilização In Vitro funcionará.

“Saber que a FIV não será uma opção se você tiver essas mutações é uma informação muito poderosa, porque passar pelos ciclos como casal é extremamente emocionalmente desgastante e caro”, afirma Ida Jentoff, autora do estudo.

Bárbara Giovani

Bárbara Giovani

Jornalista de ciência que também ama música e cinema. Já publicou na Agência Bori e participa do podcast Prato de Ciência.

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