Cientistas descobrem que fungo “da paz” se transforma em carnívoro na hora da fome
Cientistas descobriram que um fungo que normalmente é pacífico, pode adotar uma natureza agressiva ao enfrentar a fome extrema. O estudo do fungo Arthrobotrys oligospora destaca como a privação nutricional pode desencadear mudanças moleculares, levando o fungo a se tornar carnívoro e a atacar nematoides, uma espécie de verme.
A pesquisa sobre o assunto foi publicado no último mês na revista científica PLOS Biology. Em condições normais, o A. oligospora age como saprófita, alimentando-se de matéria orgânica em decomposição, como folhas mortas.
No entanto, os cientistas revelam que, em situações de privação de nutrientes, o fungo pode realizar uma metamorfose molecular que o capacita a se tornar predador, desenvolvendo técnicas para capturar presas.
Mecanismo de caça do fungo
Uma vez enfrentando a fome, o fungo quando detecta a presença de nematoides nas proximidades, o A. oligospora utiliza feromônios para atrair esses vermes para o seu micélio, uma rede subterrânea de filamentos microscópicos que compõem a estrutura do fungo.
O estudo, conduzido pelo cientista Ping Hsueh do Instituto de Biologia Molecular de Taiwan, sugere que o fungo evoluiu para empregar a mimetização olfativa, liberando sinais alimentares e feromônios sexuais para atrair os nematoides.
Os nematoides, por sua vez, produzem moléculas chamadas ascarosídeos, que regulam seu comportamento e desenvolvimento.
Acredita-se que fungos como o A. oligospora “escutem” e detectem os sinais desses ascarosídeos, criando um padrão molecular que lhes permite reconhecer a presa. Dado o elevado consumo de energia associado ao processo de armadilha, o fungo só a desenvolve quando a presa está nas proximidades.
Desafios
Apesar dessas adaptações notáveis, o estudo destaca a possibilidade de resistência por parte dos nematoides primitivos. Hsueh descreve a relação entre a predação dos fungos e a evolução dos nematoides como uma “corrida armamentista evolutiva”.
A questão ainda não explicada é se esses nematoides conseguirão evoluir e se adaptar ao novo predador fúngico. Como essa coevolução entre predador e presa se desenrolará permanece incerto, sendo uma área de pesquisa fascinante para o futuro.
A expectativa agora é que os pesquisadores continuem a estudar o tema para compreender os mecanismos moleculares subjacentes e as mudanças de comportamento nos nematoides.