Ciência

Cientistas encontram antigo sistema fluvial gigante embaixo da Antártida

Cientistas descobriram que a Antártida teve um sistema fluvial antigo antes do continente ser tomado por gelo.
Imagem: Universidade de Bremmen/Divulgação

Cientistas em uma expedição descobriram um sistema fluvial antigo embaixo de uma enorme camada de gelo na Antártida Ocidental.

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De acordo com os pesquisadores, a paisagem da Antártida era extremamente diferente há milhões de anos e a descoberta mostra os efeitos das mudanças climáticas que ocorreram na Terra.

No dia 5 de junho, os cientistas publicaram um estudo na revista acadêmica Science Advances relatando a descoberta e o que aconteceu com o rio. Os cientistas estudavam amostras de sedimentos do Mar de Amundsen quando descobriram evidências de um sistema fluvial de 40 milhões de anos que corria sob o Manto de gelo da Antártida Ocidental.

Entre 34 e 44 milhões de anos atrás, no final período conhecido como Eoceno, a atmosfera da Terra se transformou drasticamente. Os níveis de dióxido de carbono aumentam e o resfriamento global levou à formação das geleiras em um planeta anteriormente sem gelo.

O coautor do estudo, Johann Klages, afirma que estudar os registros históricos de catástrofes similares da Terra “é necessário para compreender as graves mudanças climáticas futuras”. Klages afirmou ainda que os cientistas da expedição se interessavam por descobrir como esse grande evento climático ocorreu na Antártida, sobretudo pelas mudanças climáticas atuais.

A dificuldade, no entanto, é que a maioria da Antártida Ocidental é coberta por gelo, dificultando o acesso aos sedimentos do oceano, recursos importantes para estudar ambientes passados.

A descoberta do sistema fluvial antigo

Em 2017, Klages e outros cientistas começaram a expedição usando um equipamento avançado do fundo do mar para coletar sedimentos no leito marinho congelado. Ao perfurar 30 metros abaixo do oceano, a expedição descobriu camadas de sedimentos de duas diferentes eras. A camada inferior surgiu há 85 milhões de anos, durante o período Cretáceo, de acordo com a datação radioativa de elementos como chumbo e urânio.

A camada superior apresentou sedimentos do período eoceno, entre 30 e 40 milhões de anos atrás. Após as análises dessas camadas, os cientistas descobriram sedimentos presentes na formação fluvial de sistemas como o Delta do Mississippi.

Além disso, os cientistas descobriram uma molécula característica de cianobactérias de água doce, reforçando a tese sobre a existência de um antigo sistema fluvial na Antártida. Surpreendentemente, a maioria desses materiais e fragmentos vieram de outro lugar da Antártida, apontando para outro local, nos Montes Transantárticos, como a origem do rio.

De acordo com os cientistas, essa cadeia de montanhas nem sempre foi tão alta, mas começaram a crescer, progressivamente, desde o final do período Eoceno. O crescimento das montanhas é ligado acontecimento geológico que separou a Antártida em duas massas geográficas: Oriental e Ocidental.

A elevação das Montes Transantárticos gerou uma enorme quantidade de detritos de erosão, que consistiam em rochas e minerais. Os cientistas acreditam que o sistema fluvial transportou esses detritos para o mar de Amundsen após a separação da Antártida.

“A existência de um sistema fluvial transcontinental mostra que, diferentemente de hoje, grandes partes da Antártida Ocidental ficavam acima do nível do mar na forma de extensas planícies costeiras”.

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