Ciência

Cientistas encontram bolsões de metano na Noruega que pode piorar efeito estufa

Estudo identificou grande camada de metano embaixo de permafrost, que pode ser liberado conforme o oceano esquenta e o solo degela
Imagem: Alberto Restifo/ Unsplash/ Reprodução

Um novo estudo publicado na revista  Frontiers in Earth Science descobriu uma grande camada de metano abaixo do permafrost — solo congelado que é comum na região norte do planeta, próximo ao Círculo Polar Ártico. 

Segundo a pesquisa, há risco de degelo desse solo como consequência do aquecimento global. Com isso, o metano ali presente pode ser liberado para a atmosfera, agravando ainda mais o efeito estufa. Dessa forma, levaria a um ciclo de retroalimentação das mudanças climáticas.

Como é a estrutura

De acordo com os pesquisadores, o permafrost é um solo espesso, com base ondulada. Assim, possui bolsões onde gases podem se acumular. Em geral, essas regiões são exploradas por aqueles que perfuram o solo em busca de combustíveis fósseis e, muitas vezes, eles acabam encontrando esses bolsões de gás natural.

Durante o estudo, os cientistas usaram dados históricos de poços comerciais e científicos para mapear o permafrost em toda Svalbard, arquipélago da Noruega. No entanto, a extensão dessas reservas era desconhecida.

Agora, os pesquisadores puderam identificá-las e descobriram que depósitos ricos em metano são muito mais comuns do que se pensava. Contudo, o permafrost tem uma vedação apertada, o que impediu que milhões de metros cúbicos desse gás escapassem.

No entanto, com o aquecimento dos oceanos e o aumento da temperatura do planeta, o permafrost pode começar a se desintegrar. Dessa forma, essa vedação pode perder a eficiência, liberando o metano.

Mapa geológico de Svalbard com as áreas de interesse investigadas neste estudo.

Perigo para o futuro

Segundo o estudo, a vedação de permafrost em Svalbard já não é uniforme – e os pesquisadores acreditam que o degelo aconteceu devido ao calor trazido pelas correntes oceânicas.

Isso porque as áreas costeiras têm uma crosta mais fina e fragmentada de solo congelado, de forma que é mais permeável. Já nas terras baixas, onde o gelo era mais espesso, os cientistas descreveram o permafrost como um solo com propriedades de vedação extremamente boas e capaz de auto-reparação. 

Nas partes mais afetadas, a camada “ativa” de permafrost – a superfície que descongela e congela sazonalmente – fica mais profunda à medida que as temperaturas globais aumentam.

Mas o permafrost à prova de vazamentos agora pode não permanecer assim. Svalbard é um dos lugares que mais rápido estão aquecendo no planeta, de acordo com o estudo. Sua camada “ativa” de permafrost – os poucos metros superiores que descongelam e congelam sazonalmente – fica mais profunda à medida que as temperaturas globais aumentam.

“No momento, a emissão de metano de baixo do permafrost é muito baixa, mas fatores como o recuo glacial e o degelo do permafrost podem ‘levantar a tampa’ disso no futuro”, alerta Thomas Birchall, autor do estudo.

Bárbara Giovani

Bárbara Giovani

Jornalista de ciência que também ama música e cinema. Já publicou na Agência Bori e participa do podcast Prato de Ciência.

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