Cientistas encontram em meteorito pistas de vida antiga em Marte
Um grupo internacional de pesquisadores afirma ter encontrado uma grande diversidade de compostos orgânicos em um meteorito marciano achado no Marrocos. A descoberta pode oferecer pistas sobre a potencial presença de vida no passado de Marte.
O meteorito foi encontrado há 11 anos e batizado como “Tissint”, em homenagem à cidade marroquina onde foi encontrado. A rocha foi formada há centenas de milhões de anos e deve ter viajado até a Terra após ter sido lançada no espaço por algum evento explosivo na superfície de Marte, como o impacto de um grande asteroide.
Embora possam ser criados por processos não biológicos, os compostos orgânicos são normalmente associados à vida. Eles contêm carbono, hidrogênio, oxigênio, nitrogênio, enxofre e, às vezes, outros elementos químicos essenciais ao surgimento de seres vivos.
Em teoria, a presença de água e moléculas orgânicas são os principais pré-requisitos para habitabilidade e evolução da vida. Apesar de Marte ter uma evolução geológica parecida com a da Terra, cientistas ainda tentam determinar se o planeta vermelho também foi capaz de desenvolver ambientes adequados para o surgimento da vida, a exemplo do nosso.
Durante o estudo, liderado por pesquisadores da Universidade Técnica de Munique, na Alemanha, chamou a atenção a rica diversidade mineral da rocha, bem como a abundância de compostos orgânicos de magnésio, que, até então, não foram vistos anteriormente em Marte.
No artigo – publicado na Science Advances – os pesquisadores ressaltam que o meteorito demonstra que o manto e a crosta de Marte possuem uma química diversificada e abundância de moléculas complexas, que podem ter evoluído ao longo do seu tempo geológico.
Os cientistas explicam que o estudo revelou detalhes sobre como processos ocorridos em Marte podem ter gerado compostos orgânicos em um ambiente sem vida, a partir da interação da rocha com a água. “[A pesquisa] oferece novos insights sobre a geoquímica de alta pressão e alta temperatura que moldou o interior profundo do Planeta Vermelho e indica uma conexão entre seu ciclo carbono e sua evolução mineral”, disseram os pesquisadores em comunicado.
Futuramente, quando a NASA e a ESA trouxeram para a Terra as primeiras amostras do solo marciano, coletadas pelo rover Perseverance, os cientistas afirmam que será possível reunir mais informações sobre a formação, estabilidade e dinâmica dos compostos orgânicos em ambientes marcianos.
A expectativa é que essas amostras cheguem no início da próxima década e possam ajudar os cientistas a determinar se a vida, de fato, floresceu em Marte em algum momento do passado.