Ciência

Cientistas encontram microplásticos em gordura nas artérias de pacientes

Segundo novo estudo, a presença de microplásticos em artérias e vasos sanguíneos pode elevar risco de doenças cardíacas. Saiba mais!
Imagem: Robina Weermeijer/ Unsplash/ Reprodução

Microplásticos já foram encontrados em um coração humano, como o Giz Brasil contou aqui. Agora, porém, um novo estudo encontrou evidências que associam essas partículas a problemas cardiovasculares.

Ao analisar o quadro de mais de 200 pessoas que passaram por cirurgia em uma artéria no pescoço, os pesquisadores constaram que quase 60% deles tinham microplásticos neste vaso sanguíneo. 

Além disso, quando essas partículas estavam presentes, as pessoas que eram 4,5 mais propensas a sofrer um ataque cardíaco, um derrame ou a morte nos 34 meses após a cirurgia. Os resultados foram publicados na revista The New England Journal of Medicine.

Entenda a pesquisa

Giuseppe Paolisso teve a ideia para o estudo a partir de uma curiosidade. Ele sabia que os microplásticos são atraídos por moléculas de gordura. Então, queria compreender se isso aconteceria também dentro dos vasos sanguíneos.

Junto a uma equipe de cientistas, acompanhou 257 pessoas. Todas elas já iam passar por cirurgias para remoção de placas de gordura em uma artéria do pescoço. Depois, Paolisso analisou essas placas.

No total, 150 participantes (quase 60% da amostra) continham microplásticos na gordura presente nas artérias. A maioria das partículas era de polietileno, comum em sacolas e embalagens. Contudo, os pesquisadores também encontraram amostras de microplásticos de PVC.

Além disso, as análises revelaram que aqueles participantes que tinham mais microplásticos em suas amostras também apresentavam níveis mais altos de biomarcadores para inflamação.

De acordo com os pesquisadores, isso sugere que as partículas de plástico podem desencadear processos inflamatórios e, assim, aumentar o risco de rompimento de uma placa de gordura. Isso obstruiria os vasos sanguíneos e causaria graves problemas cardíacos.

Isso sugere como as partículas poderiam contribuir para problemas de saúde, diz Brook. Se elas ajudam a desencadear a inflamação, elas podem aumentar o risco de que uma placa se rompa, derramando depósitos de gordura que poderiam obstruir os vasos sanguíneos.

Quem tem mais microplásticos no coração?

Segundo o estudo, os participantes que apresentaram microplásticos na artéria eram mais jovens que aqueles que não tinham as partículas no coração. Em geral, também eram majoritariamente homens, que fumavam e que eram mais propensos a ter diabetes ou doenças cardiovasculares. 

Contudo, os cientistas explicam que a pesquisa incluiu apenas pessoas que precisavam de cirurgia para reduzir o risco de AVC. Dessa forma, eles não podem afirmar que foi uma amostra representativa da população.

Bárbara Giovani

Bárbara Giovani

Jornalista de ciência que também ama música e cinema. Já publicou na Agência Bori e participa do podcast Prato de Ciência.

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