Um estudo publicado na revista Nature Communications identificou traços da microbiota intestinal que estão associadas ao desenvolvimento de quatro alergias comuns em crianças: eczema, asma, alergia alimentar e febre do feno (alergia sazonal).
“Esses são diagnósticos tecnicamente diferentes, cada um com sua própria lista de sintomas. Então, a maioria dos pesquisadores tende a estudá-los individualmente”, diz em comunicado Charisse Petersen, co-autora do artigo. “Mas. quando você olha para o que está dando errado em um nível celular, eles realmente têm muito em comum”, complementou.
A pesquisa analisou exames clínicos de 1.115 crianças, realizados do nascimento até os cinco anos de idade. Metade delas já havia apresentado ao menos uma alergia.
Depois, eles avaliaram o microbioma das crianças a partir de amostras de fezes e encontraram uma “assinatura bacteriana” associada ao desenvolvimento de alergias. A assinatura bacteriana é um indicativo de disbiose, que é um desequilíbrio no microbiota intestinal.
Isso evidencia que o intestino estava comprometido e desenvolveu uma inflamação elevada. Dessa forma, a barreira entre a microbiota intestinal e o sistema imunológico foi rompida, o que ocasiona a resposta inflamatória, que é a alergia.
A relação entre intestino e alergias
Segundo os autores da pesquisa, muitos fatores podem moldar o microbioma intestinal da criança. Alguns exemplos são a dieta, o modo como nasceram, onde vivem e a exposição a antibióticos.
Por isso, eles também examinaram como esses tipos de influências afetaram o equilíbrio do microbiota intestinal e o desenvolvimento de alergias.
“A partir desses dados, podemos ver que fatores como o uso de antibióticos no primeiro ano de vida são mais propensos a resultar em distúrbios alérgicos posteriores, enquanto a amamentação nos primeiros seis meses é protetora. Isso foi universal para todos os distúrbios alérgicos que estudamos”, disse Turvey.
O estudo é um dos primeiros a examinar ao mesmo tempo quatro alergias pediátricas distintas na idade escolar. Agora, os pesquisadores esperam aproveitar as descobertas para desenvolver tratamentos que mantenham a microbiota intestinal equilibrada, potencialmente prevenindo alergias.