Cientistas identificam composto raro em pintura de Rembrandt
A pintura “A Ronda Noturna”, feita em 1642 pelo artista holandês Rembrandt van Rijn, tem traços do raro composto acetato de chumbo. A descoberta foi revelada por uma análise de cientistas e publicada na revista alemã Angewandte Chemie.
A obra é uma das mais famosas da Era de Ouro holandesa e estava sendo analisada pela “Operação Night Watch” projeto de pesquisa e conservação do Rijksmuseum, museu de Amsterdã. O composto nunca havia sido detectado em pinturas históricas. A equipe analisou a pintura com instrumentos de raio X.
“O acetato de chumbo tinha aparecido em pinturas apenas uma vez, em 2020, mas em pinturas de modelo (maquete, tintas frescas). Então, veio a surpresa: não só descobrimos o composto como os identificamos em áreas onde não há pigmento de chumbo branco ou amarelo. Achamos que, provavelmente, eles desaparecem rapidamente, por isso não foram detectados nas pinturas dos velhos mestres até agora”, explica Victor Gonzalez, cientista que assina o artigo.
Ainda não se sabe o porquê de o composto de chumbo continuar na “Ronda Noturna”. Uma hipótese dos pesquisadores é de que Rembrandt tenha usado um meio orgânico (óleo de linhaça) com óxido de chumbo dissolvido a fim de reforçar as propriedades secativas.
O fato é que a descoberta é fundamental para entender a técnica de pintura do século 17 e sua conservação. Katrien Keune, chefe de ciências do Rijksmuseum, afirmou que “o acetato de chumbo nos dá novas pistas valiosas sobre o possível uso de tinta a óleo à base de chumbo por Rembrandt e o impacto potencial de vernizes à base de óleo de tratamentos de conservação anteriores”. Para Keune, a descoberta demonstra “a química complexa de pinturas a óleo históricas”.
Agora, resta aos cientistas estudar a origem do composto, e investigar se ele pode ter surgido de tratamentos de restauração feitos anteriormente.