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Cientistas modificam genes de bactérias da microbiota intestinal para tratar hipertensão

Com modificação genética, eles incentivaram camundongos a produzir proteína que reduz a pressão arterial, diminuindo a hipertensão

Cientistas modificam genes de bactérias do microbioma intestinal para tratar hipertensão

Imagem: CDC/ Unsplash/ Reprodução

Muito se fala sobre a importância de manter uma microbiota intestinal saudável e como isso reflete em todo o organismo. Agora, pesquisadores foram ainda mais a fundo no entendimento de como isso pode acontecer.

Em nova pesquisa, cientistas provaram que bactérias da microbiota que foram geneticamente modificadas podem reduzir a pressão arterial. 

O estudo, publicado na revista científica Pharmacological Research, abre novas possibilidades de utilizar a microbiota de uma pessoa para tratar sua hipertensão.

“Esta é a primeira vez que mostramos que realmente podemos fazer isso. É uma prova de princípio de que podemos usar a microbiota para produzir substâncias que melhoram mensuravelmente a nossa saúde”, afirmou Bina Joe, autora do estudo.

Contudo, a pesquisa só foi realizada em ratos de laboratório. Ainda são necessários estudos clínicos, em pessoas, para confirmar os efeitos positivos.

Entenda a pesquisa

Primeiramente, ela e outros pesquisadores modificaram geneticamente a Lactobacillus paracasei, uma bactéria benéfica da microbiota intestinal. Elas foram induzidas a produzir uma proteína chamada ACE2, que inibe o funcionamento de um hormônio chamado angiotensina II.

De modo geral, tende a elevar a pressão arterial de várias maneiras, inclusive por meio da constrição dos vasos. 

Em seguida, eles alimentaram os ratos de laboratório predispostos à hipertensão com a Lactobacillus paracasei modificada. A bactéria foi capaz de introduzir a proteína ACE2 no intestino dos animais.

Isso reduziu consideravelmente a quantidade de angiotensina II em seus organismos e, consequentemente, diminuiu sua pressão arterial.

Limitações do estudo

De acordo com o estudo, os resultados positivos foram observados apenas nas ratas fêmeas, embora não tenha havido diferença na expressão do ACE2 entre elas e os machos. 

Ainda assim, mesmo com as limitações, a pesquisa dá um passo importante entre a teoria e a prática de aproveitar as bactérias da microbiota intestinal para tratar doenças. 

“Por exemplo, se você não consegue controlar seu nível de açúcar, podemos ter uma bactéria da microbiota produzindo uma proteína que pode reduzir sua glicose no sangue? Ainda há muitas perguntas que precisam ser respondidas, mas agora sabemos que o paradigma funciona”, comenta Joe.

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