Ciência

Isolamento social na pandemia alterou microbiota intestinal dos bebês, diz estudo

Diminuição na diversidade da microbiota e alteração na população de bactérias podem ter consequências a longo prazo para os bebês
Imagem: Reynardo Etenia Wongso/ Unsplash/ Reprodução

Bebês nascidos nos primeiros meses da pandemia de Covid-19 têm uma composição diferente da microbiota intestinal. Esse é o resultado de um estudo publicado na revista Scientific Reports, que comparou crianças nascidas neste período com aquelas que vieram ao mundo antes de março de 2020. 

Segundo os pesquisadores, os primeiros mil dias de vida são críticos para adquirir uma microbiota saudável. Isso acontece através da interação entre o bebê e o ambiente ao seu redor, o que o isolamento social limitou.

Entenda a pesquisa

O grupo de pesquisadores já estudava a microbiota de bebês, mas com foco nos efeitos do estresse na vida de uma criança. Isso porque essa colônia de microorganismos que vive no trato digestivo é muito importante para o desenvolvimento do organismo humano.

Em geral, a microbiota começa a se formar logo na primeira infância e tem influência de uma série de fatores, como, por exemplo, o ambiental. Passeios em parques e outros lugares, além do contato com outras crianças são aspectos essenciais nesse processo.

Sem a formação adequada com bactérias benéficas, os bebês têm um maior risco de problemas de saúde mais tarde. Hoje, estudos já comprovaram que o desequilíbrio da microbiota está relacionado a transtornos psiquiátricos, condições de pele e problemas gastrointestinais. 

Então, durante os primeiros nove meses da pandemia de Covid-19, os pesquisadores coletaram e analisaram remotamente amostras de 20 recém-nascidos em Nova York, nos EUA.

Eles identificaram que a microbiota desses bebês tinha uma menor diversidade de microorganismos. Além disso, perceberam que houve alterações em populações bacterianas específicas. 

As mudanças na microbiota dos bebês

A população de um tipo de bactéria chamada Bifidobacterium recebe duas grandes  influências: o uso de antibióticos, que a afeta negativamente, e a amamentação, que a afeta de maneira positiva.

Nos bebês estudados, a microbiota continha níveis mais altos de Bifidobacterium que a média. Ao mesmo tempo, a quantidade de Clostridia, uma classe de bactérias normalmente adquirida do ambiente, era menor.

Como consequência das mudanças da microbiota como um todo, mas especialmente da alteração na população de Clostridia, os pesquisadores notaram que crianças de um ano nascidas durante a pandemia de Covid-19 tinham propensão a desenvolver alergias e eczemas. 

Por enquanto, os autores do estudo dizem que a pesquisa ainda é limitada e que há necessidade de mais análises na área. Agora, a mesma equipe está investigando amostras de mais bebês e monitorando seu desenvolvimento cognitivo.

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Bárbara Giovani

Bárbara Giovani

Jornalista de ciência que também ama música e cinema. Já publicou na Agência Bori e participa do podcast Prato de Ciência.

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