Cientistas podem ter desvendado mistério de buraco negro fugitivo
No começo de abril, imagens do Telescópio Espacial Hubble revelaram o que parecia um buraco negro supermassivo, com massa de 20 milhões de sóis, deixando para trás uma trilha de estrelas jovens com 200 mil anos-luz de comprimento, tamanho semelhante ao da Via Láctea.
Esta foi, ao menos, a explicação inicial. Agora, astrônomos do Instituto de Astrofísica das Canárias (IAC), na Espanha, sugeriram outra explicação: o buraco negro fugitivo pode ser, na verdade, uma galáxia de disco sem bojo galático – uma região central, presente em galáxias como a nossa, com maior densidade de estrelas.
“É um alívio ter encontrado a solução para este mistério”, disse Jorge Sanchez Almeida, autor principal do estudo, em comunicado. “O novo cenário proposto é muito mais simples. Por outro lado, também é uma pena, porque se espera a existência de buracos negros fugitivos, e este poderia ter sido o primeiro a ser observado.”
O problema do buraco negro
A primeira hipótese para o cenário capturado nas imagens do Hubble previa a existência de um buraco negro que se movia em velocidade suficiente para chegar da Terra à Lua em 14 minutos. Forçando seu caminho através do gás presente no espaço, ele estaria acumulando regiões mais densas e desencadeando a formação de novas estrelas.
“Achamos que estamos vendo um rastro atrás do buraco negro, onde o gás esfria e é capaz de formar estrelas”, disse Pieter van Dokkum, da Universidade de Yale, em comunicado. “Como o rastro atrás de um navio, estamos vendo um rastro atrás do buraco negro. […] Não se parece com nada que já vimos antes.”
Foi uma hipótese controversa, que causou debate entre a comunidade astronômica. Os cientistas não sabiam ao certo por que o buraco negro não estava engolindo o gás enquanto se movia através dele, por exemplo, e criando mais perturbações. O cenário exigia “um grande conjunto de circunstâncias excepcionais e complexas”, segundo os autores que propuseram a nova solução.
A hipótese da galáxia
A equipe comparou as imagens da suposta trilha de estrela com uma galáxia próxima à Via Láctea, chamada IC5249. Trata-se de uma galáxia de disco sem bojo, com massa em estrelas semelhante à trilha detectada pelo Hubble.
Então, os astrônomos notaram que ambas eram “extraordinariamente semelhantes”. “Os movimentos, o tamanho e a quantidade de estrelas se encaixam no que foi visto nas galáxias do universo local”, disse Almeida.
O estudo será publicado na revista Astronomy and Astrophysics.