Cientistas usaram sequenciamento genético para rastrear a origem de uma epidemia
Quando uma epidemia acontece, para efetivamente descobrir como pará-la, pesquisadores geralmente tentam entender como ela começou. A resposta para essa questão, no entanto, pode ser indefinida. E como infecções das chamadas superbactérias tem se espalho por hospitais dos EUA, cientistas e agentes da saúde pública têm batalhado para entender como estes patógenos se difundem.
A genética, entretanto, pode providenciar algumas dicas. Um estudo publicado nesta quarta (22) na Science Translational Medicine detalha como a bactéria resistente a antibióticos Klebsiella se difundiu por 26 instalações de saúde e adoeceu 40 pessoas em 2008. Para entender como isso aconteceu, eles utilizaram uma combinação de sequenciamento de genoma e informações sobre a movimentação do paciente.
“Meu grupo de pesquisa e muitos outros tem recentemente usado estas tecnologias para estudar como a bactéria se move dentro de uma instituição”, disse Evan Snitkin, microbiologista e primeiro autor do estudo, ao Gizmodo. “Mas estes organismos permeiam instituições de saúde por regiões. Queremos saber se podemos rastreá-los conforme se espalham nas instalações”.
Tipicamente, investigações de epidemia usam informações sobre como o paciente se movimentou, mas este não é um dado detalhado o bastante para providenciar evidencias concretas de como o surto começa e se espalha. Ao sequenciar o genoma da bactéria em questão conforme ela sofre mutações entre hospitais, os cientistas puderam traçar as origens da epidemia de 2008 para uma única cepa de DNA introduzida na região de Chicago durante o fim de 2007. Disso, eles puderam entender como os eventos de um hospital em particular contribuiu para a difusão da infecção. A análise dos pesquisadores descobriu que uma casa de repouso era um importante centro de transmissão, com os pacientes desta unidade espalhando a infecção por toda parte.
“Essa foi a prova do princípio”, disse Snitkin. “Ela realmente pode transformar como controlamos infecções por regiões. Poderíamos usá-la para melhor controlar epidemias”.
Snitkin diz que o rastreamento em tempo real de uma epidemia futura poderia ajudar a determinar, digamos, se um hospital precisa fortalecer procedimentos como a higienização de mãos para parar a difusão de um surto interno ou se é preciso fazer um melhor monitoramento dos pacientes que entram na unidade.
“Você começa a ligar os pontos”, ele diz. “Neste caso, o centro de transmissão foi uma única unidade e acreditamos que isso não será incomum”.
Superbactérias que desenvolveram resistência a múltiplos antibióticos têm se tornado um grande problema para os EUA, com algumas delas criando resistência a tantas drogas que não existem maneiras imediatas disponíveis para destruí-las. De acordo com o Centros de Controle e Prevenção de Doenças (CDC) dos EUA, a cada ano pelo menos dois milhões de pessoas são infectadas com bactérias resistentes a antibióticos nos EUA e pelo menos 23 mil morrem por causa da infecção ligadas diretamente as superbactérias. Klebsiella é um membro de uma classe de superbactérias conhecida por ser resistente a antibióticos carbapenema. O CDC detectou este tipo de bactéria pela primeira vez em 2000 e deste então ela se espalhou na maioria dos estados do país.
Snitkin diz que o próximo passo é descobrir se a mesma técnica pode ser usada depois de uma superbactéria iniciar uma epidemia em determinada área, como acontece com a Klebsiella em Chicago.
“A grande questão”, ele diz, “é saber quais serão as lições que poderemos usar para controlar a resistência a antibióticos que tem se tornado uma grande ameaça pública?”.