A Agência Espacial Europeia (ESA) decidiu dar novo propósito a dois satélites que foram deslocados da posição que deveriam ficar e agora vão usá-los para medir como a gravidade pode afetar a passagem do tempo.
No ano passado, o foguete russo Soyuz acidentalmente colocou dois satélites GPS da ESA em órbitas elípticas, em vez de circular. Isso fez com que eles ficassem incapazes de realizar as tarefas para que foram projetados a fazer como parte do sistema de navegação GPS Galileo. Cientistas encontraram uma nova tarefa para que eles não sejam simplesmente um desperdício de dinheiro e recursos.
Físicos agora terão uma oportunidade única de testar uma das previsões da teoria geral da relatividade de Albert Einstein: o relógio se move mais lentamente quando está próximo a objetos pesados, por causa de como a gravidade deforma o tecido do espaço-tempo (lembra do planeta de Miller em Interestelar, onde uma hora é, na verdade, sete anos na Terra graças ao buraco negro monstruoso que está ao seu lado? É o mesmo princípio).
Como os dois satélites Galileo estão balançando em direção e depois se distanciando da Terra em suas órbitas alongadas, físicos alemães e franceses vão acompanhar a aceleração e a desaceleração do tempo usando os relógios atômicos a bordo das naves. Até hoje, nossa melhor medida do chamado efeito de dilatação do tempo foi feita em 1976, em um experimento que durou apenas duas horas. Os satélites Galileo serão monitorados por um ano, permitindo que físicos façam medidas até quatro vezes mais precisas.
Dentro de um ano, teremos uma ideia melhor de exatamente quanto a gravidade faz o tempo dilatar. Esse experimento é um bom lembrete de que, na ciência, uma falha pode ser transformada em uma oportunidade. E, no espaço, você nunca desperdiça nada. [Nature News]
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