Cirurgia bariátrica: novo estudo levanta dúvidas sobre eficácia do bypass gástrico
Em reportagem do Fantástico no último domingo (20), Jojo Todynho revelou ter realizado uma cirurgia bariátrica no início de agosto. O procedimento tem como objetivo a redução de peso e é indicado apenas em casos de obesidade grave.
A cirurgia bariátrica muda a forma original do estômago e reduz sua capacidade de receber alimentos, o que dificulta a absorção exagerada de calorias. A equipe médica removeu 90% do órgão de Todynho.
Os médicos realizaram o procedimento de Jojo por videolaparoscopia. Em entrevista ao Fantástico, o médico responsável disse que, junto com essa parte removida do estômago, eliminou também as células que produzem o hormônio grelina, que é responsável pela fome. Dessa forma, a equipe médica espera que a cantora perca entre 30 e 50 quilos.
Coincidentemente, um novo estudo levantou questões sobre a eficácia de operações bariátricas envolvendo bypass gástrico, um dos tipos do procedimento. A pesquisa foi publicada na revista Obesity na última semana.
Mudanças rápidas e nem sempre duradouras
De acordo com estudo da Universidade de Lund, na Suécia, as maiores alterações metabólicas ocorreram logo após a cirurgia bariátrica. No entanto, um ano após a bariátrica por bypass gástrico, os efeitos positivos haviam desaparecido.
O método de bypass consiste em reduzir o estômago com cortes ou grampos. O cirurgião também faz uma nova conexão da parte que sobra do órgão com o intestino. No Brasil, esse é o método mais praticado no SUS (Sistema Único de Saúde), realizado em 70% das cirurgias.
Os pesquisadores não se basearam apenas na perda de peso após o procedimento. Eles utilizaram também amostras de sangue para avaliar os níveis de gordura e metabólitos no organismo.
Contudo, um dos efeitos positivos encontrados imediatamente após a cirurgia foi o aumento dos níveis de certas gorduras poliinsaturadas, que são essenciais ao organismo e podem reduzir o risco de doenças cardiovasculares. Outro aspecto benéfico foi a redução na concentração de um determinado tipo de aminoácido que geralmente indica resistência à insulina e risco aumentado de desenvolver diabetes tipo 2.
Contudo, apenas um ano após a cirurgia bariátrica, alguns dos participantes voltaram exatamente aos mesmos níveis dessas substâncias que tinham antes da operação.
“Uma conclusão que tiramos é que o risco de desenvolver diabetes tipo 2 é consideravelmente reduzido após a operação entre os indivíduos que não têm a doença, mas um ano depois vemos um risco aumentado novamente”, afirma o pesquisador Peter Spégel, líder do estudo.
E completa: “Entre os indivíduos que já apresentavam diabetes tipo 2 no momento da cirurgia, observamos uma remissão da doença, mas o risco de recidiva aumenta com o tempo”, diz.