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Clima aumenta turbulência em aviões sobre norte do Brasil

Estudo mostrou que o aumento global das temperaturas está ligado a um tipo específico de turbulência, que passa despercebido dos radares de aviões

Clima aumenta turbulência em aviões sobre norte do Brasil

Imagem: Niels And Marco/Unsplash/Reprodução

O aumento da temperatura média global já está afetando a aviação – inclusive aqui no Brasil. Um estudo da Universidade de Reading, do Reino Unido, mostrou que as mudanças no clima geram mais turbulências severas de ar claro, um tipo de turbulência que se forma em céus sem nuvens e passa despercebida pelo radar dos aviões.

Segundo a pesquisa, uma rota de voo comum sobre o Oceano Atlântico Norte registrou um aumento de 55% dessas turbulências de 1979 a 2020. 

O aumento é significativo na região entre os EUA e Reino Unido, mas também ocorre em outras partes do mundo, como na Europa, Oriente Médio, Pacífico Oriental e no norte do Brasil. 

Na costa norte do país, a incidência desses fenômenos cresceu 100% nos últimos 40 anos. “Embora a ocorrência seja relativamente baixa em comparação com outras regiões, a frequência agora dobrou em relação ao início do início do período”, relatou o estudo. 

Isso é importante porque a costa norte brasileira e os demais locais afetados cobrem alguns dos corredores de voo mais movimentados do mundo. No gráfico, os pesquisadores detalham as áreas onde há mais turbulências de ar claro hoje, em vermelho escuro. 

Imagem publicada no estudo “Evidence for Large Increases in Clear-Air Turbulence Over the Past Four Decades”. Imagem: University of Reading/Geophysical Research Letters/Reprodução

Como isso prejudica os aviões 

O aumento de turbulências acerta em cheio o mercado da aviação. Isso porque o fenômeno já custa às companhias aéreas milhões de dólares por ano devido a atrasos em voos, eventuais ferimentos a passageiros e tripulação, além de danos e desgaste em aviões. 

E os riscos (e gastos) aumentam a cada minuto a mais que um voo passa por turbulência, explicou Paul Williams, coautor do estudo, em comunicado. “As companhias aéreas precisarão começar a pensar em como administrar o aumento da turbulência”, disse ele. 

A turbulência de ar claro torna o voo mais difícil porque esse tipo de intercorrência não é detectada como uma tempestade próxima, por exemplo. Os radares das aeronaves alertam a partir das gotículas de água que surgem no ar, mas ficam “cegos” quando não há nuvens no entorno. 

Esse fenômeno se forma a partir das diferenças na velocidade do vento em diferentes alturas – também conhecido como “cisalhamento do vento”. A diferença aumenta os fluxos do vento rápido (correntes de jato), que se tornam mais caóticas à medida que aumenta a temperatura da troposfera, a camada mais baixa da atmosfera da Terra. 

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