Cloudflare pede desculpas por serviço de gateway bloquear sites LGBTQ
A empresa de hospedagem Cloudflare confirmou que seu serviço próprio de gateway de filtragem de tráfego não conta mais com um recurso pré-definido que bloqueia sites LGBTQ. A companhia fez o anúncio em resposta a uma mensagem enviada por um analista britânico, que notou que uma das categorias bloqueadas pelo gateway era essa relacionada ao público LGBTQ.
O serviço de gateway de filtragem de tráfego da Cloudflare tem como objetivo proteger os navegadores de acessar sites repletos de malware ou golpes. Além de dar aos clientes a chance de restringir o acesso a determinados sites associados a spyware ou spam, o Cloudflare oferece a opção de bloquear páginas em categorias específicas, como “jogos de azar” ou “violência”.
Até a última semana, o gateway também permitia que os clientes filtrassem páginas que hospedavam determinados conteúdos — algo que, segundo a companhia, estava no controle de uma empresa parceira.
Enquanto vasculhava sites de “sociedade e estilo de vida” que a Cloudflare poderia filtrar, o analista de tecnologia Henry Cole, que mora em Londres, encontrou uma subcategoria de páginas bloqueadas que foi rotulada apenas como “LGBTQ”. Foi então que Cole publicou um tweet mostrando algumas das categorias inclusas nessa lista de bloqueio. A Cloudflare prontamente removeu a categoria.
https://twitter.com/henrycole/status/1395133054667137024?s=20
Segundo Dane Knecht, vice-presidente sênior da empresa, disse que, apesar do apontamento de Cole, sua companhia não “categoriza sites internamente”, mas sim “categoriza [a compra] de várias fontes externas”.
Cloudflare já registrou caso semelhante em 2020
Essa não é a primeira vez que essas “fontes externas” fizeram com que a Cloudflare cortasse o acesso a sites dedicados à comunidade LGBTQ. Há cerca de um ano, a empresa lançou um produto de filtragem de tráfego voltado especificamente para famílias, dizendo que o objetivo era impedir que as crianças acessassem acidentalmente “conteúdo adulto”. No final das contas, esse amplo guarda-chuva não cobriu apenas sites que hospedavam pornografia pesada ou conteúdo educacional, mas serviços dedicados a apoiar a comunidade gay — incluindo alguns que eram voltados para crianças gays e trans.
Na época, a Cloudflare pediu desculpas e culpou um parceiro externo pelo problema, dizendo que um dos fornecedores tinha várias categorias de “conteúdo adulto” para bloquear. A empresa explicou que uma delas espelhava a definição usada pelo Google Safesearch, que filtra pornografia explícita ou sites que descrevem pornografia especificamente. Embora a Cloudflare tivesse a intenção de usar esse filtro como parte de seu produto para famílias, a empresa escolheu uma categoria diferente de “conteúdo adulto” que usava uma definição mais liberal, bloqueando sites relacionados a LGBT no processo.
“Configuramos uma série de verificações de sites conhecidos que deveriam estar fora das categorias pretendidas, incluindo muitos que listamos de maneira equivocada. Esperamos que isso ajude a detectar erros como esse no futuro”, completou a Cloudflare.