Com alta transmissibilidade, nova variante do coronavírus é detectada na África do Sul
A pandemia da Covid-19 está longe de ter um fim. Pelo menos isso é o que podemos esperar depois das tantas variantes do coronavírus que já surgiram e que ainda vão surgir. O alerta da vez foi feito por cientistas do Instituto Nacional de Doenças Transmissíveis da África do Sul e da Plataforma de Inovação e Sequenciamento de Pesquisa KwaZulu-Natal, que identificaram e noticiaram uma nova cepa do vírus; ainda que os casos sejam baixos, um estudo publicado na medRxiv na semana passada, mostra mutações ligadas à capacidade de maior transmissão, algo que facilita o vírus driblar os anticorpos.
A nova variante, conhecida como C.1.2, foi detectada inicialmente em maio, se espalhou em várias províncias sul-africanas e já está presente em outros países da África, Europa, Ásia e Oceania, de acordo com a pesquisa, que ainda ainda não foi submetida à revisão da comunidade científica.
Ela provém da linhagem do vírus C.1, que tomou conta da África do Sul em 2020, e faz parte das Variantes de Preocupação (VOCs, sigla em inglês), determinadas pela Organização Mundial da Saúde (OMS), que classifica o risco de cada cepa, assim como a Alfa, Beta, Delta e Gama.
Até agora, são variantes de preocupação: Alfa; Beta; Gama; Delta, e variantes de interesse Eta; Iota; Kappa; Lambda, destas, as três primeiras são as cepas responsáveis pelo caos global, já que driblam com facilidade o sistema imunológico.
No Twitter, Tulio de Oliveira, diretor da KRIPS e professor da Universidade de KwaZulu-Natal disse que a razão pela qual a equipe decidiu publicar o artigo é que eles notaram a presença da C.1.2 na África do Sul e em outros 10 países. Ele aponta que ainda é cedo para qualquer conclusão, pois apenas 95 genomas foram publicados na plataforma Gisaid, um esforço científico global que fornece dados genômicos de vírus da gripe, e agora da Covid-19. O pesquisador faz questão de destacar que nessa pandemia, é crucial compartilhar informações o mais rápido possível.
The reason why we decided to publish the preprint is that we see the C.1.2 persistence in South Africa and is now in another 10 countries. It is early days as only 95 genomes have been published at GISAID. However, we found that in this pandemic is share info quicker than later.
— Tulio de Oliveira (@Tuliodna) August 27, 2021
As mutações encontradas na nova variante trazem o alerta porque incluem alterações nos genes e na proteína spike, ou proteína S, responsável por decodificar as células de defesa e permitir que o vírus entre no corpo. E apesar de entenderem a mutação, os cientistas ainda não têm certeza de como elas afetam o comportamento do vírus.
“Embora a importância total das mutações ainda não esteja clara, os dados genômicos e epidemiológicos sugerem que esta variante tem uma vantagem seletiva – de maior transmissibilidade, escape imunológico ou ambos”, escreveram os pesquisadores.
Outra das preocupações elencadas pelos cientistas diz respeito à transmissibilidade desta variante, já que estudo aponta que, em maio, a C.1.2 representava 0,2% do genoma sequenciado, 1,6% em julho e 2% em julho, ou seja, uma evolução “semelhante à observada nas variantes Beta e Delta” nas suas fases iniciais, como disseram no estudo.
Mais testes estão em andamento para determinar o quão bem a variante é neutralizada pelos anticorpos e se ela é resistente às vacinas. Enquanto isso, a recomendação dos especialistas em saúde continua sendo as medidas de proteção. Uso de máscara e o distanciamento social são métodos simples que fornecem proteção.