Como a Fuji se reinventou e a Kodak foi à falência

Entenda como a Fuji soube superar a crise dos filmes fotográficos e hoje é avaliada em mais de 30 bilhões de dólares.
Como a Fuji se reinventou e a Kodak foi à falência

Rivais durante décadas, as histórias da Kodak e da Fujifilm (ou simplesmente Fuji) se misturam com a história da fotografia. Porém, enquanto a primeira teve confiança demais no próprio negócio, a segunda se adaptou ao mercado e abraçou um novo cenário tecnológico.

A vertiginosa queda da Kodak

Fundada em 1888, a americana Kodak revolucionou a história da fotografia ao lançar os primeiros rolos de filmes flexíveis, assim como inovou ao produzir as primeiras câmeras portáteis de baixo custo.

Apesar de fabricar as câmeras, o negócio principal da Kodak estava centrado na venda de filmes e revelação das fotos. Tanto é que as primeiras câmeras custavam apenas alguns centavos de dólar, o que ajudou a popularizar a prática da fotografia – o que até então era um hobby muito caro.

Brownie, a inovadora câmera de rolo portátil e de baixo custo da Kodak, lançada em 1900. Imagem: Wikimedia.

Já no ano de 1900, a empresa já tinha vendido mais de 100 mil unidades da câmera e isso só foi aumentando nas décadas seguintes, chegando a dominar mais de 50% do mercado mundial. Tamanho sucesso só começou a ser ameaçado a partir da década de 1980, quando a japonesa Fuji entrou no mercado de câmeras e rolos de filme com um preço mais barato do que o praticado pela Kodak.

Porém, o destino da empresa já havia sido traçado 5 anos antes, em 1975, quando o engenheiro Steven Sasson, da própria Kodak, inventou a primeira câmera digital. Apesar de revolucionária, o protótipo não foi aceito pelos chefes da empresa americana, por considerarem que ela poderia canibalizar o mercado de filmes analógicos – o que de fato acabou ocorrendo. Essa confiança demais no potencial do negócio de filmes levou à falência da empresa.

Quando a Kodak percebeu o erro, já era tarde demais. O maior valor de mercado da empresa foi atingido em 1997, quando ela valia mais de 31 bilhões de dólares. A partir daí, as receitas começaram a despencar, conforme as câmeras digitais começaram a ganhar cada vez mais espaço no mercado.

A Kodak chegou a mudar de estratégia para se concentrar na fotografia digital e na impressão digital, mas não teve sucesso frente as rivais Canon, Sony e Fuji.

O pedido de falência veio em 2012, com a empresa desistindo do mercado fotográfico pouco tempo depois. A saída do processo de recuperação judicial ocorreu no ano seguinte, com a venda de patentes para empresas como Apple, Google ou Facebook; assim como a desistência de vários negócios. Mais recentemente, em 2020, a Kodak anunciou que entraria no mercado de fabricação de produtos farmacêuticos.

A ascensão da Fuji

Ao contrário da Kodak, quando a Fujifilm percebeu um desaquecimento no mercado da fotografia analógica, a japonesa apostou na diversificação do portfólio, lançando não apenas câmeras digitais, mas também outros produtos, como telas de LCD, se tornando uma grande fornecedora para fabricantes de TVs, computadores e outros produtos eletrônicos.

Além disso, baseando-se na expertise dos diversos produtos químicos da revelação fotográfica, passou a lançar produtos baseados nesses compostos, como cosméticos, por exemplo.

A empresa também promoveu um grande corte de custos e demitiu funcionários no ano 2000, com o objetivo de economizar e se adequar à nova realidade do mercado. Ao mesmo tempo, promoveu aquisições de empresas, como é o caso da Xerox, em 2018.

As atuais câmeras digitais instantâneas da Fujifilm. Imagem: Pexels/Reprodução

Já na fotografia, ela foi pioneira no lançamento da primeira câmera descartável, em 1986; a primeira câmera digital com cartão removível, em 1988; além da primeira câmera 3D digital compacta, em 2009.

No ano fiscal de 2020 – encerrado em 31 de março de 2021 – o Grupo Fujifilm fechou com um faturamento global de US$ 20,1 bilhões, com lucro líquido de US$ 1,67 bilhão.

Segundo o balanço anual, a receita da empresa reflete o aumento de vendas nos negócios farmacêuticos, de materiais eletrônicos, enquanto as vendas diminuem nos negócios de imagens fotográficas, dispositivos ópticos e de imagens eletrônicas. Atualmente, a Fuji é avaliada em mais de 31,47 bilhões de dólares.

Atuais câmeras da Fujifilm

Apesar de não ser o principal negócio da empresa e de não ter o mesmo desempenho nas vendas das rivais Canon e Nikon, a Fuji ainda aposta no lançamento de novas câmeras fotográficas, sendo considerada uma marca respeitada entre os fotógrafos.

Em maio, deve ser lançada a Fujifilm X-H2, chegando ao mercado em versões de 26MP e 40MP, sendo uma mais voltada para cinegrafistas, enquanto outra para amantes da fotografia.

No Brasil, é possível encontrar câmeras digitais de baixo custo da Fujifilm, como a Instax Mini 11 (podendo ser adquirida aqui), que revela e imprime fotos instantaneamente em até dois minutos após o clique.

Para a fotografia semiprofissional, tem a Mirrorless X-E3 (disponível aqui), que conta com um sensor CMOS III de 24,3 MP, lente XF 18-55 mm e possui capacidade para gravar vídeos em 4K. Ela é a primeira da Fujifilm a ganhar Bluetooth, que estabelece uma conexão em tempo integral entre a câmera e um smartphone para a transferência de imagens.

Hemerson Brandão

Hemerson Brandão

Hemerson é editor, repórter e copywriter, escrevendo sobre espaço, tecnologia e, às vezes, sobre outros temas da cultura nerd. Grande entusiasta da astronomia, também é interessado em exploração espacial e fã de Star Trek.

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