A poluição por mercúrio costuma se concentrar em áreas urbanas e paisagens industriais. Esse metal pesado pode ser liberado pela queima de combustíveis fósseis, mineração e fabricação de produtos que utilizam o elemento, como lâmpadas fluorescentes e baterias.
Agora, uma equipe formada por pesquisadores de diferentes instituições mostrou que a poluição por mercúrio não é exclusiva do mundo contemporâneo. Amostras retiradas de diferentes cidades maias indicam que o metal já era utilizado no passado e pode ter prejudicado a saúde dessa antiga civilização.
Cientistas americanos, britânicos e australianos coletaram dados de 10 sítios arqueológicos do Período Clássico (entre os séculos 3 e 9). Medições ambientais dos níveis de mercúrio apontaram a existência do poluente em sete dos locais, com uma concentração do poluente que excede ou se iguala aos padrões modernos de níveis tóxicos. O estudo completo foi publicado na revista Frontiers in Environmental Science.
A equipe sugere que os maias tenham utilizado um cristal de sulfeto de mercúrio chamado cinábrio, que costuma ter seu pigmento avermelhado utilizado para a coloração de peças.
Esse minério, comumente encontrado perto de fontes termais e regiões de atividade vulcânica, pode ter tido um significado ainda maior para os maias, devido a sua cor. De acordo com os cientistas, esses povos podem ter considerado que a pedra continha uma força espiritual chamada ch’ulel, que residia no sangue.
O que os maias não sabiam é que a substância sagrada era também mortal. Por isso, sua aplicação em decorações e seu possível uso em enterros acabou fazendo com que o elemento tóxico permanecesse no solo das antigas regiões maias.
Os arqueólogos estão sendo aconselhados a se proteger contra o mercúrio durante suas escavações, em razão dos riscos que o elemento pode oferecer à saúde. Porém, não se sabe ao certo como o poluente afetou a vida dos povos antigos.
Um rei chamado Dark Sun, governante da cidade maia de Tikal, por exemplo, era obeso. Tal fator serve como pista para uma doença metabólica comumente causada por envenenamento por mercúrio. Mesmo assim, mais estudos são necessários para obter relações.