Como as tempestades de poeira estão matando os robôs da NASA em Marte
Na última quarta-feira (21), a NASA declarou “missão morta” em Marte, ao anunciar a ausência de notícias do módulo de aterrissagem Mars InSight por vários dias. Ele morreu lentamente devido à poeira do planeta.
Durante meses, o robô que estudava a atividade tectônica no Planeta Vermelho foi perdendo a energia, com seu painel de energia solar de 4,2 m² desaparecendo sob uma grossa camada de poeira. O InSight, que pousou na bacia Elysium Planitia, ao sul do equador de Marte, em novembro de 2018, ultrapassou em dois anos a duração esperada da missão.
No Twitter, cerca de seis semanas antes do encerramento da missão, o InSight esclareceu dúvidas sobre o seu funcionamento.
“As pessoas costumam perguntar: não tenho como me limpar (limpador, soprador, etc.)? É uma pergunta justa, e a resposta curta é esta: Um sistema como esse teria adicionado custo, massa e complexidade. A maneira mais simples e econômica de atingir meus objetivos era trazer painéis solares grandes o suficiente para alimentar toda a minha missão. O que eles fizeram (e mais alguns!).”
Tempestades de poeira
As agências espaciais evitam o envio dos módulos de pouso durante a temporada de tempestades de poeira no planeta, nos períodos de outono e inverno do norte de Marte.
Mas, como um ano em Marte equivale a cerca de dois anos na Terra, a maioria dos módulos passam por mais de uma temporada de tempestades de poeira.
Alguns veículos dão mais sorte do que outros. O Curiosity, por exemplo, em Marte há 11 anos, chegou a medir a quantidade variável de poeira acumulada em seus sensores e deck. As medições mostraram como os ventos sazonais e os redemoinhos de poeira os ajudam a durar mais tempo.
Segundo o engenheiro-chefe da Airbus Defense and Space, Mike Williams, o Mars InSight parecia estar em uma “posição particularmente desfavorável para a remoção de poeira”.
Possíveis soluções
Apesar da atual abordagem da NASA com painéis solares de grandes dimensões ser a melhor, mais segura e mais barata, a Airbus está analisando a possibilidade de adicionar uma capacidade dedicada de defesa contra poeira, enquanto a missão do rover ExoMars, construída em cooperação com a Rússia, foi suspensa após a invasão russa na Ucrânia.
“Dimensionar as matrizes para poder gerenciar a menor quantidade de luz solar que as atinge por causa da poeira é a melhor e mais simples solução”, disse Williams ao Space.com.
De acordo com Williams, quando a missão ExoMars foi concebida, os engenheiros consideraram uma infinidade de tecnologias de limpeza de poeira. Entretanto, eles decidiram que o rover, com missão projetada para apenas 180 dias marcianos, não precisava se autolimpar.
Agora, eles estão repensando a abordagem: “Poderíamos usar algo como a inclinação do painel solar para possivelmente desalojar parte dessa poeira. Também ajudaria a apontar os painéis de forma mais eficiente para o sol, o que também pode trazer alguns benefícios”, acrescentou Williams.