1ª missão a Marte deveria ser composta apenas por mulheres, diz relatório
Por mais que missões atuais da NASA envolvam o envio de tripulações mistas ao espaço, uma viagem tripulada a Marte com uma equipe exclusivamente feminina se mostra como a mais ideal. Pelo menos, é o que apontam alguns estudos.
Desde as décadas de 1950 e 1960, pesquisas sugerem que as astronautas mulheres possuem maior resistência física do que os homens, tendo corações mais fortes, suportando melhor as vibrações das naves, assim como a exposição à radiação espacial.
Além disso, estudos psicológicos também demonstraram que elas lidavam melhor com ambientes fechados. Vale lembrar que uma viagem até Marte exigirá que os astronautas fiquem trancados dentro de uma nave por um período de seis a sete meses – isso sem contar os cerca de quase dois anos que eles deverão ficar na superfície do planeta, e os outros seis meses da volta.
Há também outras vantagens práticas ao adotar uma tripulação feminina. O instituto SSERVI (Solar System Exploration Research Virtual Institute), da NASA, descobriu durante uma simulação que as mulheres gastavam diariamente menos da metade das calorias quando comparado com os tripulantes do sexo masculino.
Apesar dos astronautas de ambos os gêneros estarem se exercitando com a mesma intensidade, os homens queimaram em média 3.450 calorias por dia, enquanto as mulheres gastavam apenas 1.475 calorias diárias. Era raro uma tripulante mulher queimar mais de 2.000 calorias, bem como era comum os homens excederem as 3.000 calorias durante a simulação.
Essa diferença calórica tem uma importância significativa para planejar uma missão de longa duração. Se um astronauta gasta mais calorias, ele precisará de mais comida para manter o seu peso durante a longa jornada até Marte. Isso significa que a nave terá que levar um estoque maior de comida, o que significa mais peso e, por consequência, mais combustível para tirar o foguete do chão.
Em outras palavras, é mais barato enviar uma tripulação feminina para Marte, do que uma só composta por homens. Estima-se que uma viagem dessas possa custar cerca de US$ 100 bilhões, o que só aumenta a importância de encontrar maneiras de economizar.
O relatório secreto da NASA
Em 2017, a astronauta britânica Helen Sharman – a primeira do Reino Unido a viajar ao espaço – revelou que um relatório oficial e secreto da NASA dizia que as mulheres trabalham melhor em equipe e são menos propensas do que os homens a brigar por cargos de liderança.
O relatório também trazia preocupações de que homens e mulheres poderiam ter relações sexuais durante a viagem para a Marte. Caso uma astronauta engravidasse, não estaria claro quais seriam os efeitos da microgravidade e da radiação do espaço sobre o desenvolvimento do bebê.
Na prática, a NASA não proíbe explicitamente o sexo no espaço, porém, seu código de conduta exige que os astronautas tenham relacionamentos de “confiança” e guiados por “padrões profissionais”. Contudo, como as naves são espaços confinados e apertados, dificilmente um casal conseguiria ter tal “privacidade”.
Apesar de Sharman afirmar que o relatório já tinha sido arquivado, ela diz que a agência chegou à conclusão que uma tripulação formada só de mulheres era a melhor opção. Não está claro se o documento guiará futuras missões ao planeta vermelho, mas a NASA vem ressaltando que as mulheres terão uma presença de destaque nas próximas viagens para a Lua, durante o programa Artemis.
É esperado que a Artemis 3, por exemplo, que pousará na Lua a partir de 2025, terá pelo menos uma mulher a bordo. Já uma viagem para Marte ainda pode ser considerada como um objetivo distante e nebuloso, com a primeira viagem ocorrendo apenas em meados da década de 2030.