A invasão da Rússia à Ucrânia na última quinta-feira (24) gerou tensão enorme no cenário internacional. O conflito, que está sendo considerado o maior na Europa desde a Segunda Guerra Mundial, fez com que os EUA se posicionassem contra o país de Vladimir Putin.
O presidente americano Joe Biden impôs uma série de sanções contra a Rússia que visam, sobretudo, isolar Putin do restante do mundo. Ao mesmo tempo, Rússia e EUA possuem uma parceria de décadas no setor espacial. As tensões em terra são notáveis, mas como está a situação no espaço?
Há sete astronautas vivendo na Estação Espacial Internacional nesse momento. Destes, quatro são americanos, dois russos e um alemão. Em comunicado da NASA enviado ao site The Verge, a agência garantiu que segue trabalhando com a russa Roscosmos e que o cronograma no laboratório orbital não será alterado. Resumindo, está tudo tranquilo lá em cima. Resta saber se a situação seguirá estável entre as agências.
O histórico das relações espaciais entre EUA e Rússia é extenso. As potências, quando Rússia ainda era URSS, foram concorrentes diretas durante a Guerra Fria, competindo na chamada corrida espacial. Elas tinham como objetivo provar seu potencial tecnológico alcançando o espaço.
Mas em 1975 o jogo virou e os países lançaram a missão conjunta Apollo-Soyuz. A NASA precisaria novamente dos russos após a aposentadoria dos ônibus espaciais, em 2011. A partir daí, foguetes Soyuz seriam fretados para enviar astronautas ao espaço.
Isso dificultou, inclusive, que os EUA cortassem relações com a Roscosmos em 2014, quando ocorreu a invasão da Crimeia. Por mais que a NASA tenha tomado atitudes anti-Rússia na época, o afastamento total não ocorreu.
A situação hoje é outra. Desde 2020, a NASA tem utilizado foguetes Crew Dragon, da SpaceX, para enviar astronautas ao espaço. A agência americana também investe cerca de US$ 3 bilhões na ISS a cada ano, tornando um corte de relações hoje mais prejudicial para o programa espacial russo do que para os EUA.
Até então, a Roscosmos e a NASA estavam conversando sobre uma troca de tripulação. Basicamente, os russos voariam na Crew Dragon, assim como os americanos já viajaram na Soyuz. O nome da cosmonauta Anna Kikina já foi até mesmo citado para a missão, marcada para o segundo semestre deste ano.
O acordo não foi firmado em documento, mas os planos parecem estar mantidos. O que pode ocorrer agora é um cancelamento de viagens por parte de oficiais da NASA à Rússia ou outros eventuais encontros. Até a segunda ordem, a cooperação na ISS segue normalmente.