Como estão sendo rastreados os casos de Covid-19 nas pessoas vacinadas nos EUA?

Centro de Controle e Prevenção de Doenças dos EUA vai monitorar apenas casos graves de pessoas que já foram vacinadas contra o coronavírus.
Foto: William West / AFP (Getty Images)

O Centro de Controle e Prevenção de Doenças (CDC) mudou a forma de rastrear novos casos de Covid-19 em pessoas que já foram vacinadas.

A mudança foi divulgada sem muito alarde no dia 1º de maio. O órgão deixou de tentar rastrear todos os casos relatados de infecções invasivas nos Estados Unidos; em vez disso, agora se concentra nos casos mais graves de coronavírus entre as pessoas vacinadas, que normalmente envolvem hospitalização ou morte.

“Essa mudança ajudará a maximizar a qualidade dos dados coletados em casos de maior importância clínica e de saúde pública”, escreveu a agência em sua página anunciando a mudança.

Entretanto, alguns especialistas em saúde pública estão preocupados que o CDC esteja sendo muito precipitado em sua decisão.

A mudança é baseada em um relatório recentemente divulgado pelo órgão de controle sobre os primeiros 10 mil casos relatados ao CDC pelos departamentos de saúde estaduais e alguns locais. O período avaliado foi de 1º de janeiro a 30 de abril de 2021. Entre esses casos, 27% eram assintomáticos; 10% envolveram pessoas que foram hospitalizadas posteriormente; e 2% envolveram pessoas que morreram, embora não necessariamente por causa da infecção causada pela Covid-19.

O documento constatou que esses novos casos ocorrem apenas em “uma pequena fração de todas as pessoas vacinadas e representam uma porcentagem reduzida de todos os casos da doença”. Além disso, concluiu-se que “o número de casos de hospitalizações e mortes por Covid-19 que serão evitadas entre as pessoas já vacinadas excederá em muito os novos casos entre vacinados.”

Pesquisas em outros países com altas taxas de vacinação mostraram que infecções mais graves são muito raras. Alguns estudos também sugeriram que esses casos raramente devem levar a mais transmissão de Covid-19 para outras pessoas. No entanto, pelo menos alguns especialistas em saúde pública são críticos quanto à escolha do CDC de limitar o rastreamento de infecções invasivas, argumentando que ainda há mais a ser descoberto mantendo uma ampla rede de vigilância. Alguns temem, por exemplo, que o CDC não seja capaz de detectar possíveis riscos futuros relacionados à pandemia tão facilmente, como a evolução de variantes do vírus que escapam significativamente da imunidade fornecida pela vacina (até agora, isso não aconteceu).

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“Estamos dirigindo às cegas e vamos perder muitos sinais”, disse Ali Mokdad, epidemiologista da Universidade de Washington e ex-cientista do CDC, ao New York Times na terça-feira (25).

O CDC está conduzindo um rastreamento mais extenso de algumas pessoas vacinadas, mas apenas em populações selecionadas, como profissionais de saúde, de acordo com o Times. Os departamentos locais e estaduais também tomam suas próprias decisões sobre como monitorar esses casos e ainda podem relatar esses dados ao CDC, enquanto outros países terão seus próprios sistemas para rastrear infecções agudas. Portanto, é provável que ainda haja grandes conjuntos de dados disponíveis para os pesquisadores usarem no estudo da evolução do vírus no futuro.

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