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Como funciona o transplante no Brasil, o maior serviço do mundo segundo autoridades

Somente no Brasil, mais de 65 mil pessoas estão na fila de transplante de órgãos. Destas, 386 estão atualmente à espera de um coração

Como funciona o transplante no Brasil, o maior serviço do mundo segundo autoridades

Imagem: Freepik/Reprodução

O tema “transplante de órgãos” está em alta nas redes sociais após o anúncio de que o apresentador Faustão conseguiu um coração doado e realizou o procedimento neste domingo (27), no Hospital Albert Einstein, em São Paulo.

Para desmentir boatos de que Faustão teria “furado a fila” de transplantes, o Ministério da Saúde teve que explicar que a lista de pessoas aguardando órgãos é única e vale tanto para os pacientes do SUS (Sistema Único de Saúde) quanto para os da rede privada.

Referência mundial, o Brasil conta hoje com o maior sistema público de transplantes de órgãos no mundo. O Ministério da Saúde é o responsável por gerenciar toda a estrutura.

A regulamentação assegura que pacientes da rede pública e privada tenham acesso igual a cirurgias de alta complexidade. Ou seja, sem privilegiar quem tem mais dinheiro, por exemplo.

Quais os critérios da lista de espera por um órgão?

O Ministério da Saúde esclarece que critérios técnicos específicos regem a fila de espera para transplantes de órgãos.

Fatores como tipagem sanguínea, compatibilidade de peso e altura, aspectos genéticos e critérios de gravidade particulares para cada tipo de órgão são determinantes na definição da ordem dos pacientes que aguardam por um transplante.

Quando os critérios técnicos se assemelham entre pacientes, a ordem de cadastro cronológico, ou seja, a ordem em que foram inscritos, entra em jogo como critério de desempate. Em situações em que a condição clínica é crítica, os pacientes recebem atendimento prioritário.

No caso do apresentador Fausto Silva, em razão de seu estado grave de saúde, ele recebeu um coração após constatada a compatibilidade necessária para o procedimento.

Além dele, só na última semana — entre 19 e 26 de agosto — foram realizados 11 transplantes de coração no país. Deste total, sete no estado de São Paulo, unidade da federação com maior volume de transplantes.

Dados sobre transplantes no Brasil

Somente no Brasil, mais de 65 mil pessoas estão na fila de transplante de órgãos no Brasil. Destas, 386 estão atualmente à espera de um coração.

No primeiro semestre de 2023, o Brasil registrou um aumento de 16% no número de transplantes cardíacos em comparação com o mesmo período do ano anterior. Totalizando 206 procedimentos desse tipo.

Fila de espera é uma das maiores dos últimos 25 anos. Imagem: Freepik/Reprodução

No ano de 2021, por exemplo, o país realizou um total de mais de 23,5 mil procedimentos de transplantes. Dentre essas intervenções, cerca de 4,8 mil foram transplantes renais, 2 mil envolveram o fígado, 334 foram transplantes cardíacos. Cerca de 80 foram transplantes pulmonares, além de outras modalidades.

O tempo de espera para um coração pode variar de 2 a 18 meses, dependendo da gravidade do paciente e da compatibilidade entre doador e receptor. De acordo com os dados são do Ministério da Saúde, o número é um dos maiores dos últimos 25 anos.

Órgãos não aproveitados

Técnicos do Ministério da Saúde e pesquisadores da Fepecs (Fundação de Ensino e Pesquisa em Ciências da Saúde) constataram que a maioria dos órgãos oferecidos para transplante no Brasil entre 2014 e 2021 não encontrou aproveitamento.

A pesquisa baseou-se em informações fornecidas pela CNT (Central Nacional de Transplantes). E registrou a disponibilidade de órgãos sólidos, como coração, pulmão, fígado, rim e pâncreas, para os diversos estados, bem como os motivos subjacentes às recusas.

Ao longo desse período, a CNT realizou 22.824 ofertas de órgãos. Cerca de 60% dessas ofertas, ou seja, 14.341, foram rejeitadas pelas equipes cirúrgicas responsáveis por tais procedimentos.

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