O aquecimento global está alterando não apenas os ecossistemas, mas também o comportamento de espécies animais. Um estudo da Universidade de Barcelona (Espanha) revelou que as mudanças climáticas estão afetando significativamente a fisiologia e o comportamento de hibernação dos morcegos, afetando inclusive seu sono.
Durante vinte anos, pesquisadores acompanharam a maior colônia de morcegos de asa curva comum (Miniopterus schreibersii) na Catalunha, Espanha.
Os resultados indicam que, devido aos invernos mais amenos, esses mamíferos estão acumulando menos reservas de gordura no outono. E encurtando seus períodos de hibernação e deixando seus abrigos de inverno mais cedo.
Essas mudanças podem alterar os padrões migratórios dos morcegos e a fenologia de seus deslocamentos sazonais.
Os morcegos, que em latitudes temperadas acumulam grandes quantidades de gordura para enfrentar o período de hibernação, que geralmente vai de meados de dezembro a fim de fevereiro, agora estão se adaptando a um clima mais quente, com invernos mais curtos e amenos.
“Devido aos invernos mais curtos e às temperaturas mais altas, os morcegos não estão engordando no outono como costumavam fazer anos atrás, porque não precisam de tanta gordura para passar o inverno”, explicou em um comunicado Jordi Serra-Cobo, do Departamento de Ciências Evolutivas, Ecológicas e Ambientais da Universidade.
Consequências para o futuro e o sono dos morcegos
As mudanças na massa corporal são evidentes em ambos os sexos. Embora as fêmeas de morcego mostrem uma condição corporal inferior aos machos, tanto no início quanto no final da hibernação e durante o período de atividade (março).
O principal problema é que isso pode afetar a reprodução da espécie. Já que uma condição corporal ruim nas fêmeas pode afetar negativamente a gestação e a lactação.
Além disso, o aquecimento global está influenciando a disposição dos morcegos em seus abrigos de inverno. Com muitos optando por hibernar em cavernas mais quentes.
Essa adaptação ao clima mais ameno pode ter consequências ainda desconhecidas para a biodiversidade e para os próprios morcegos. Eles desempenham um papel crucial no controle de insetos e na polinização de plantas.
A pesquisa destaca a necessidade urgente de ações climáticas para mitigar os efeitos adversos do aquecimento global na vida selvagem. Enquanto os morcegos se ajustam às novas condições climáticas, resta saber como essas mudanças afetarão a dinâmica dos ecossistemas e a biodiversidade global no longo prazo.