Como o Japão está ficando para trás no mundo da tecnologia

Há algo de muito errado com as gigantes japonesas. A Sony está sangrando dinheiro há quatro anos. A Panasonic teve o maior prejuízo da história da empresa. A Sharp anda mal das pernas. O que acontece? O Wall Street Journal explica. Em uma ótima reportagem, o WSJ analisa a queda das três empresas, que tiveram […]

Há algo de muito errado com as gigantes japonesas. A Sony está sangrando dinheiro há quatro anos. A Panasonic teve o maior prejuízo da história da empresa. A Sharp anda mal das pernas. O que acontece? O Wall Street Journal explica.

Em uma ótima reportagem, o WSJ analisa a queda das três empresas, que tiveram um prejuízo somado de US$20 bilhões no último ano.

A história da Sony, a gente já conhece: a empresa perdeu diversas oportunidades de sair na frente. Ela demorou em reagir a tendências como música digital, software fácil de usar e até internet. Falamos sobre o assunto aqui.

E nós já analisamos como a Sony perdeu o jeito: a empresa perdeu o foco, lançando inúmeras opções semelhantes de produtos, e se perdendo em guerras de formatos proprietários.

A Sony cometeu tantos erros por se focar no produto, em vez do consumidor – e a Panasonic fez a mesma coisa. Do WSJ:

“Empresas japonesas estavam confiantes demais em nossa tecnologia e habilidade em fabricar produtos. Nós perdemos a visão dos produtos na perspectiva do consumidor”, disse o presidente da Panasonic, Kazuhiro Tsuga, em uma conferência à imprensa em junho…

É possível ir mais fundo na explicação. Há um motivo que permeia o sucesso das gigantes japonesas no passado, e explica seus problemas no presente. Segundo o WSJ, é o monozukuri:

A fraqueza atual do Japão está enraizada em sua força tradicional: uma fixação com o “monozukuri”, ou a arte de fazer coisas, focada em avanços de hardware.

Este conceito, motivo de orgulho nacional, levou as empresas de eletrônicos no Japão a criarem o produto que fosse “o mais fino do mundo”, ou “o menor do mundo”, ou que tivesse outros avanços incrementais – enquanto perdiam o foco em fatores que realmente importavam para as pessoas, como design e facilidade de uso.

Enquanto o Japão se enfraquece, outro país aos poucos toma a liderança: a Coreia do Sul. Enquanto as japonesas se perderam em posicionar o OLED no mercado, a Samsung se tornou a líder em telas (AM)OLED para smartphones. A Panasonic compra painéis 3D passivos da coreana LG, em vez de usar tecnologia própria.

Cansada de perder oportunidades, a Sony decidiu que agora é melhor deixar a concorrência ficar na dianteira:

Depois de anos de chances perdidas, a Sony oficialmente mudou os planos, decidindo recentemente que faz mais sentido deixar a Samsung e outras tomarem a liderança em desenvolver inovações.

Apesar de todo o esforço em desenvolver tecnologias inovadoras antes dos outros, executivos da Sony concluíram que isso apenas criava um alvo para concorrentes seguirem, e potencialmente copiarem a um custo menor.

“Quem corre em primeiro lugar tem que lidar com o vento – às vezes, é mais fácil correr atrás”, disse Tadashi Saito, que assumiu em abril o cargo de chefe de estratégia.

As gigantes japonesas estão enfraquecidas, e não podem se arriscar como no passado. É uma pena, e ao mesmo tempo uma história fascinante, que você confere aqui: [Wall Street Journal]

Foto por Canolais/Flickr

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