Ciência

Como o La Niña pode ajudar a diminuir os incêndios no Brasil

Nas últimas 24 horas, o Brasil teve mais de cinco mil focos de incêndios florestais, correspondendo por 76% das áreas afetadas na América do Sul.
Imagem: Agência Brasil/Reprodução

Nesta quarta-feira (11), a OMM (Organização Meteorológica Mundial) anunciou que o fenômeno La Niña pode atrasar, gerando preocupações em relação à redução dos incêndios no Brasil.

Em junho, a OMM estimava uma probabilidade de 70% do La Niña entre julho e setembro. Mas, agora, a revisão aponta para 55% entre setembro e novembro e de 60% entre outubro e fevereiro.

O La Niña, que contribui com o resfriamento das águas do Pacífico equatorial, impacta ventos e chuvas. Os efeitos do fenômeno são variáveis, com base na sua intensidade, duração e época de ocorrência.

No Brasil, o La Niña tende a aumentar as chuvas na Amazônia, região atualmente devastada por seca e incêndios, além de diminuir as precipitações no Sul, que sofreu enchentes em maio deste ano. Além disso, o fenômeno favorece a entrada de ar frio no Brasil, gerando uma melhor oscilação da temperatura.

Aliás, nas últimas 24 horas, o Brasil teve mais de cinco mil focos de incêndios florestais, correspondendo por 76% das áreas afetadas na América do Sul.

Nos dez primeiros dias setembro, o número de incêndios já superou o dobro do registrado no mesmo período de 2023, segundo informações do INPE.

O aumento de incêndios ocorre pelas altas temperaturas e tempo seco, além de ações criminosas. Além disso, a situação climática atual, extremamente seca, torna a paisagem mais inflamável e facilita a propagação dos incêndios.

Sem La Niña, incêndios e seca devem continuar no Brasil

Apesar de El Niño e La Niña serem eventos naturais, a OMM alerta que ambos ocorrem em um contexto de mudanças climáticas causadas pelo homem. Isso resulta em aumento das temperaturas e eventos climáticos extremos.

A secretária-geral da OMM, Celeste Saulo, destaca que mesmo um La Niña, com seu efeito de resfriamento de curto prazo, não reverterá a tendência de aquecimento global a longo prazo.

Revisão da estimativa da probabilidade do La Niña. Imagem: OMM/Divulgação

Aliás, os últimos nove anos foram os mais quentes já registrados, mesmo com a influência de um longo La Niña entre 2020 e o início de 2023.

Por outro lado, o El Niño recente, um dos cinco mais fortes já observados, contribuiu para que 2023 fosse o ano mais quente em 125 mil anos.

Celeste Saulo ressaltou que, nos últimos três meses, prevaleceram condições neutras. Portanto, sem El Niño ou La Niña, o clima ainda assim foi extremo, com o exemplo do aumento de incêndios no Brasil.

De acordo com o Climatempo, mais de 230 mil hectares de plantações de cana-de-açúcar foram destruídos pelos recentes incêndios em São Paulo.

Desse modo, a revisão da previsão de La Niña, com menor probabilidade, é preocupante para o Brasil, pois pode prolongar o período de secas e também de incêndios.

No entanto, a previsão da NOAA (Administração Nacional Oceânica e Atmosférica dos Estados Unidos) pode ser a luz no fim do túnel. De acordo com o órgão dos EUA, há 66% de chance do La Niña ocorrer entre setembro e novembro.

Por outro lado, tanto a OMM quando a NOAA estimam que o fenômeno terá curta duração.

Pablo Nogueira

Pablo Nogueira

Jornalista e mineiro. Já escreveu sobre tecnologia, games e ciência no site Hardware.com.br e outros sites especializados, mas gosta mesmo de falar sobre os Beatles.

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