Ciência

Como os fungos podem ajudar árvores durante mudanças climáticas

Pesquisadores identificaram que fungos sequestram 36% de carbono; agora eles buscam entender como isso pode ajudar as árvores no futuro
Imagem: Jesse Bauer/ Unsplash/ Reprodução

Muito se fala sobre a importância das árvores na captura de carbono e como isso exerce um papel essencial no combate às mudanças climáticas. Recentemente, as Nações Unidas também começaram a reconhecer o papel do solo neste processo, mas ainda há um protagonista que não recebe os devidos créditos: os fungos.

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Em meio às florestas tropicais, muitos deles se encontram no solo úmido, entre as raízes das árvores. Por exemplo, a terra escura no solo de florestas é um indicativo de que os fungos estão transformando matéria morta em vida. 

Geralmente, são eles que decompõem a folhagem, sugam a água e transportam para as plantas, capturam fósforo e nitrogênio do solo para que as árvores cresçam com nutrientes e também auxiliam no armazenamento de carbono.

Os fungos, as árvores e o carbono

De modo geral, os fungos não podem fazer fotossíntese como as plantas. Por isso, eles recebem grande parte do carbono que precisam – cerca de cinco bilhões de toneladas por ano, segundo uma estimativa – de seus associados vegetais. 

Assim, uma quantidade do carbono sequestrado pelas árvores fica armazenado nos fungos que colonizam as raízes daquela planta. 

Em uma pesquisa recente, a cientista Toby Kiers constatou que 36% das emissões anuais de CO2 provenientes de combustíveis fósseis são sequestradas, pelo menos temporariamente, pelos fungos. 

Junto a todas as outras ações de assistência às árvores, eles podem representar parte considerável do motivo pelo qual algumas plantas suportam situações extremas, como incêndios e secas.

É essa a teoria de Kiers e sua equipe, que agora coletam espécies de fungos na ilha francesa de Córsega, no Mediterrâneo, a fim de investigar o RNA fúngico. 

Nos últimos anos, temperaturas recordes e incêndios florestais se tornaram a nova realidade da ilha. Ainda assim, o local conta com diversas árvores milenares. 

Por isso, a ideia dos pesquisadores é compreender como os fungos ajudaram essas árvores antigas a responder às mudanças climáticas.

Identificar para conservar

Hoje, uma em cada três espécies de árvores estão ameaçadas de extinção. Além disso, as mudanças climáticas agem perturbando o ciclo da vida nas florestas, o que ameaça tanto as plantas quanto os fungos.

Por isso, compreender exatamente como os fungos fortalecem esse sistema poderia mostrar o quão crucial eles são para a sobrevivência coletiva.

Ainda assim, pouco se sabe sobre essa classe de seres vivos. Pelo menos 90% das espécies de fungos provavelmente ainda não foram descobertas, embora micologistas identifiquem cerca de 2.500 novas espécies a cada ano.

Pensando nisso, Kiers co-fundou a SPUN, a Sociedade de Proteção de Redes Subterrâneas. Ela envia equipes de micologistas para lugares que vão da América do Sul até a Ásia na tentativa de fazer um inventário de quais fungos existem – algo que nunca foi feito antes.

Bárbara Giovani

Bárbara Giovani

Jornalista de ciência que também ama música e cinema. Já publicou na Agência Bori e participa do podcast Prato de Ciência.

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