Como uma startup da Islândia trabalha para combater bactérias ultrarresistentes

Startup em Reykjavik enfrenta a resistência antimicrobiana com remédio para aumentar a imunidade humana. Confira o trabalho islandês
Como uma startup da Islândia trabalha para combater bactérias ultrarresistentes
Imagem: Adrian Lange/Unsplash/Reprodução

A startup Akthelia Pharmaceuticals, da Islândia, trabalha para combater um inimigo invisível: a RAM (resistência antimicrobiana), uma das ameaças de saúde mais urgentes segundo a OMS (Organização Mundial da Saúde). 

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Na prática, a RAM inclui todas as bactérias, vírus, fungos e parasitas ultrarresistentes, ou seja, mais fortes que qualquer medicamento que existe. São infecções muito mais difíceis de tratar – e podem se transformar na próxima pandemia a qualquer momento. 

Um estudo mostra que doenças associadas à RAM já matam quase 5 milhões de pessoas todos os anos. O número é maior que doenças endêmicas, como HIV/AIDS e malária. Em 2019, as mortes tiveram relação com 23 patógenos e 88 combinações patógeno-medicamento em 204 países e territórios. 

No caso da startup islandesa, o objetivo é desenvolver um novo medicamento que aumente a resposta imune natural do corpo, também conhecida como “imunidade inata”. 

Essa camada de proteção deve combater infecções causadas por bactérias, vírus e fungos ultrarresistentes aos remédios existentes e que conseguiriam facilmente acabar com toda a raça humana. 

Em busca do novo medicamento 

O projeto, que leva o nome de IN-ARMOR, permite que os cientistas desenvolvam um novo medicamento a partir de abordagem in silico. Isso significa que eles usam a análise de dados em uma espécie para ter mais conhecimento sobre o aspecto molecular

Neste caso, os pesquisadores se voltam para os peptídeos antimicrobianos. Trata-se de cadeias curtas de proteínas que desempenham papel fundamental no sistema imunológico dos mamíferos – incluindo os humanos. 

Para isso, a equipe conta com nanotecnologia a fim de direcionar os medicamentos para áreas específicas do corpo e, assim, ampliar a eficácia e reduzir os efeitos colaterais. 

Assim que o remédio ficar pronto, ele passará para a validação clínica. Nesta etapa, os pesquisadores devem verificar como ele age sozinho e quando combinado com outros antibióticos. 

Expectativa 

“Ao nos concentrarmos em estimular as defesas inatas do corpo contra infecções, podemos evitar o uso de antibióticos tradicionais e desenvolver novos tratamentos revolucionários para combater bactérias multirresistentes”, disse Guðmundur Hrafn Guðmundsson, professor da Universidade da Islândia e coordenador da startup, ao site TNW

“Isso pode salvar inúmeras vidas em todo o mundo”, completou. Se tudo der certo, o projeto pode economizar 107 bilhões de euros (ou cerca de R$ 600 bilhões no câmbio atual) no desenvolvimento de antibióticos a longo prazo. 

A startup, baseada na capital Reykjavik, dentro da Universidade da Islândia, conta com a colaboração de oito universidades e seis empresas da Europa. A UE (União Europeia) financia o projeto com 6 milhões de euros.

Julia Possa

Julia Possa

Jornalista e mestre em Linguística. Antes trabalhei no Poder360, A Referência e em jornais e emissoras de TV no interior do RS. Curiosa, gosto de falar sobre o lado político das coisas - em especial da tecnologia e cultura. Me acompanhe no Twitter: @juliamzps

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