Novo antibiótico de tripla ação supera resistência de bactérias

Cientistas modificaram o antibiótico tobramicina para torná-lo capaz de furar a bolha criada pelo patógeno no organismo e combatê-lo; entenda o mecanismo
Novo antibiótico de tripla ação supera resistência de bactérias
Bactéria Pseudomonas aeruginosa. Imagem: Microbe World/Flickr/Reprodução

Algumas infecções são fáceis de tratar, enquanto outras requerem esforços maiores para livrar o paciente da doença. Estas costumam ser causadas por biofilmes, que nada mais são do que colônias de micróbios que desenvolvem um tipo de matriz que os isola do ambiente externo

É como se dentro do nosso organismo, as bactérias se colocassem no interior de uma bolha que não pode ser quebrada por antibióticos convencionais. Um estudo recém publicado na revista npj Biofilms and Microbiomes pode ajudar a reverter essa situação.

Pesquisadores da CIDETEC, na Espanha, desenvolveram um antibiótico de tripla ação que supera a resistência de bactérias. De acordo com os pesquisadores, o novo medicamento é capaz de eliminar mais de 50% dos patógenos de uma vez só. 

Os cientistas usaram como base a bactéria Pseudomonas aeruginosa, que cresce em biofilmes nos pulmões de pacientes com fibrose cística ou doença pulmonar obstrutiva crônica (DPOC). Normalmente, a infecção é tratada com o antibiótico tobramicina, mas nem sempre o composto consegue passar pela matriz e extinguir o patógeno.

A equipe utilizou esse mesmo antibiótico no estudo, porém realizou algumas alterações para fortalecê-lo. A tobramicina possui uma carga positiva, que é neutralizada pela matriz extracelular com carga negativa.

Então, os cientistas dispuseram o antibiótico em transportadores de nanopartículas carregados negativamente. Basicamente, colocaram o composto em um tanque de guerra, que agora poderia atravessar a bolha e matar as bactérias.

Um dos compostos que mantém os biofilmes de bactérias juntos é o DNA estrutural, que pode ser encontrado em toda a matriz extracelular. Pensando nisso, os cientistas ainda revestiram os transportadores com uma enzima chamada DNase I, capaz de quebrar essa “cola”. 

Durante testes, os cientistas viram que o antibiótico de tripla ação não apenas dissolveu o DNA estrutural na matriz extracelular, mas também dizimou as bactérias e reduziu a quantidade de patógeno em mais da metade com apenas uma aplicação. Agora, a equipe pretende trabalhar na validação clínica do remédio.

Carolina Fioratti

Carolina Fioratti

Repórter responsável pela cobertura de saúde e ciência, com passagem pela Revista Superinteressante. Entusiasta de temas e pautas sociais, está sempre pronta para novas discussões.

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