Ciência

Composto natural comum em plantas inibe ação de fungo resistente a drogas

Molécula PGG bloqueia quatro espécies diferentes de fungos Candida e apresenta baixa toxicidade a células humanas
Imagem: Wikimedia Commons/ Reprodução

Uma nova pesquisa descobriu que um composto natural chamado PGG pode inibir em 90% o crescimento de fungos do gênero Candida que são resistentes a medicamentos. Os resultados do estudo estão na revista ACS Infectious Diseases.

Segundo a pesquisa, a ação inclui também a espécie mais virulenta, a Candida auris, que é uma ameaça global emergente para a saúde.

“É um micróbio realmente prejudicial”, disse Lewis Marquez ao Eureka Alert. “Entre 30% e 60% das pessoas infectadas com Candida auris acabam morrendo”, explicou o autor do estudo.

Os perigos da Candida

A Candida é um fungo muito presente na pele e no trato digestivo de pessoas saudáveis. No entanto, às vezes algumas espécies crescem descontroladamente e causam infecções leves. Esse é o caso da Candida albicans, que gera o sapinho e a candidíase.

Ainda assim, há casos mais graves. A Candida auris pode causar infecções na corrente sanguínea ou em órgãos como rins, coração ou cérebro. 

Em geral, pessoas imunocomprometidas, incluindo muitos pacientes hospitalares, estão mais suscetíveis a infecções invasivas de Candida, que estão rapidamente desenvolvendo resistência a medicamentos.

Uma solução natural

A PGG é uma tanina solúvel em água que é muito comum em muitas plantas. Por sua facilidade em se ligar ao ferro, sua ação consiste em capturar as moléculas do mineral, privando os fungos de um nutriente essencial para sua existência.

“Cada molécula de PGG pode se ligar até cinco moléculas de ferro”, afirmou Marquez. “Quando adicionamos mais ferro a uma placa, além da capacidade de sequestro das moléculas de PGG, os fungos voltaram a crescer normalmente”, completou.

De forma geral, ao privá-los em vez de atacá-los, a tanina não dá espaço para que os fungos criem resistência a medicamentos. Por isso seu mecanismo se diferencia tanto dos remédios antifúngicos já existentes.

Esse resultado é especialmente importante no caso da Candida auris, uma vez que ela é resistente a múltiplos medicamentos e tem uma alta taxa de mortalidade.

Além disso, os experimentos feitos em laboratório também indicaram que a PGG tem uma toxicidade mínima para as células humanas, sendo bem tolerado pelas células humanas dos rins, fígado e epitélio.

Isso porque o ferro presente nas células humanas geralmente não é ferro livre – ele costuma estar ligado a uma proteína ou dentro de enzimas.

Potencial tratamento tópico

Estudos sobre a PGG que foram realizados em animais concluíram que a molécula é metabolizada e eliminada rapidamente do corpo. 

Por isso, os autores da nova pesquisa investigam a possibilidade de usá-la em um tratamento tópico, ou seja, direto no local infectado. Agora, é isso que testarão em futuros estudos.

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Bárbara Giovani

Bárbara Giovani

Jornalista de ciência que também ama música e cinema. Já publicou na Agência Bori e participa do podcast Prato de Ciência.

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