Conheça a IA que quer ajudar a melhorar a saúde na África

Startup usa IA para dr informações e orientações a populações da África subsaariana com acesso precário a centros de saúde
Conheça a IA que quer ajudar a melhorar a saúde na África
Imagem: Reach Digital Health/Facebook/Reprodução

“Estou grávida e tenho um corrimento; como agir?” ou “tenho sintomas gripais, o que devo fazer?” são algumas das dúvidas sobre saúde que a população de países da África subsaariana podem esclarecer com as plataformas de IA (inteligência artificial) da Reach Digital Health. 

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A organização com sede em Joanesburgo, na África do Sul, usa IA para fornecer orientações sobre saúde em locais onde a assistência médica é precária via mensagens SMS e WhatsApp. 

Na África subsaariana é comum que pessoas precisem viajar longas distâncias para ter acesso a centros de saúde. Com poucos profissionais, a espera por atendimento é longa, o que faz com que muitos não busquem ajuda. A região reúne alguns dos países mais pobres do mundo, como Níger, Chade e Sudão do Sul.

Para facilitar o acesso, a startup sul-africana criou um robô capaz de responder dúvidas simples sobre saúde física, mental e reprodutiva pelo celular — única tecnologia disponível para comunicação eletrônica em muitos países subsaarianos. 

Alcançar o público é a parte mais desafiadora. Para chegar à população, a startup atua da seguinte forma: 

  • Gestantes: na primeira consulta pré-natal, todas as gestantes do sistema público de saúde são convidadas por um profissional médico a ingressar no aplicativo MomConnect Africa. Se ela concorda em participar, começa a receber atualizações automáticas sobre o agendamento de consultas pré-natais futuras e a melhor forma de nutrir e cuidar do bebê em desenvolvimento. 
  • Quem não está no sistema de saúde: os que não chegam ao sistema de saúde ficam sabendo da iniciativa através da mídia de massa, publicidade e organizações comunitárias que incentivam a inscrição. 

Quando chegam ao sistema, a população recebe orientações sobre como interagir com o bot. O sistema faz perguntas sobre a saúde dos integrantes da família e lança questionários automatizados sobre como estão se sentindo. 

Como as respostas ajudam a população

Segundo Milton Madanda, diretor de plataforma da startup, o bot responde a milhões de perguntas automatizadas todos os dias. O sistema usa algoritmos simples de perguntas e respostas e abordagens de aprendizado de máquina mais complexas para escanear as consultas que recebem em busca de palavras-chave. 

Isso significa que termos como “gravidez” e “vacina”, por exemplo, já trazem respostas sobre a segurança da imunização, especialmente depois do auge da Covid-19

Outras palavras demandam intervenções adicionais. Quem incluir “sangramento”, pode receber uma instrução para visitar a clínica mais próxima o mais rápido possível, ou facilitar o contato com uma unidade de saúde. 

Grávidas em estado avançado, a exemplo da primeira pergunta do texto, também têm atendimento diferenciado. “Isso parece ser sério. Em caso de emergência, vá ao seu médico imediatamente ou ligue para um dos números de emergência abaixo”, responde o bot. 

A IA também oferece a opção dos usuários se conectarem a um atendente real quando o sistema não reconhece a pergunta. Do outro lado da linha estão enfermeiros treinados para responder e se envolver com a demanda de uma maneira mais pessoal. 

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Aprovado pelas autoridades

Segundo destaca Debbie Rogers, CEO da Reach Digital Health, todas as respostas foram avaliadas por autoridades e profissionais da saúde antes de entrarem no sistema. Além disso, os sintomas e diagnósticos relatados na plataforma são transmitidos para governos em tempo real – uma forma de fomentar a tomada de decisões com base em dados. 

Por causa do sucesso da plataforma, a companhia recebeu um dos cinco prêmios Skoll de Inovação Social de 2023, no valor de US$ 2,25 milhões. Com o recurso, a organização pretende ensinar outras organizações da África e do mundo a replicar a IA. 

 “Construímos um modelo agora que sabemos ser impactante. Ele salva vidas. Sabemos que é escalável”, disse à NPR. “Temos que ser capazes de capacitar outras organizações para fazer o que temos feito”.

Julia Possa

Julia Possa

Jornalista e mestre em Linguística. Antes trabalhei no Poder360, A Referência e em jornais e emissoras de TV no interior do RS. Curiosa, gosto de falar sobre o lado político das coisas - em especial da tecnologia e cultura. Me acompanhe no Twitter: @juliamzps

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