Conheça Mindar, robô humanoide treinado para ser padre
À medida que a inteligência artificial se expande para mais segmentos, robôs e programas de IA passam a ocupar novos espaços. Com as práticas religiosas, não seria diferente: a tecnologia está começando a desempenhar funções em igrejas e templos. No Japão, foram realizados testes com o Mindar, um robô humanoide.
A máquina, feita de alumínio e silicone, atua como um sacerdote em um templo budista em Kyoto. O padre-robô foi projetado para se assemelhar à deusa budista da misericórdia.
O projeto começou a ser desenvolvido em 2019 por uma equipe japonesa de robótica, em parceria com o templo Kodai-ji. A construção de Mindar custou quase 1 milhão de dólares.
Um recente estudo norte-americano analisa as relações dos sacerdotes-robôs com os fiéis, e investiga o caso do robô japonês. Conduzido pela Escola de Negócios Booth da Universidade de Chicago (EUA), o trabalho revela que as máquinas podem realizar diversas atividades de maneira eficiente, mas ainda carecem de credibilidade.
“Mindar e outros sacerdotes robôs são como espetáculos, com telas, vídeos e efeitos sonoros envolventes. Ele gira ao longo de seus sermões para fazer contato visual com o público enquanto suas mãos estão juntas em oração. Os visitantes se aglomeraram para ver os cultos. No entanto, mesmo com esses efeitos especiais, duvidamos que os padres-robôs possam realmente inspirar as pessoas a se sentirem comprometidas com sua fé e as instituições religiosas”, explicou Joshua Conrad Jackson, principal autor do estudo, em artigo no site Scientific American.
A pesquisa mostra que os robôs podem até pregar sermões e escrever discursos políticos, mas não compreendem, de fato, as crenças que transmitem. Lançado neste mês, o artigo foi publicado na revista Journal of Experimental Psychology: General, vinculada à American Psychological Association.
Ao consultar fiéis, o levantamento também apontou que boa parte dos entrevistados confiam mais em monges humanos que trabalham no templo do que no robô Mindar.
Para os pesquisadores, as descobertas prenunciam os limites da automação. “Concentrar-se apenas na avaliação da capacidade das máquinas pode nos cegar para espaços onde os robôs estão tendo baixo desempenho porque não são confiáveis”, dizem os autores.