A ESA (Agência Espacial Europeia) faz os preparativos finais para o lançamento do telescópio espacial Euclid. A expectativa é que o novo instrumento seja lançado no próximo mês de julho.
A missão visa investigar os dois maiores mistérios da cosmologia atual: a matéria escura e a energia escura. Para tal, ele deverá criar um mapa 3D do Universo, observando bilhões de galáxias localizadas a até 10 bilhões de anos-luz de distância.
O Euclid mapeará um pouco mais de um terço do céu. A ideia é que ele ajude os cientistas a entender como o Universo se expandiu e evoluiu ao longo do tempo.
O novo telescópio da ESA recebeu o nome do famoso matemático grego Euclides de Alexandria, que viveu por volta de 300 a.C. Ele é conhecido por ser o “pai da geometria”.
O Euclid fará estudos sobre como a densidade da matéria e da energia moldou a geometria atual do Universo. A qualidade da imagem do telescópio será pelo menos quatro vezes mais nítida do que a obtida por pesquisas feitas a partir de observatórios em terra.
A espaçonave tem 4,7 metros de altura, 3,7 metros de largura, além de pesar cerca de 2 toneladas. Ela é dividido em duas partes, sendo a primeira o telescópio propriamente dito – com duas câmeras, sendo uma que faz observações no comprimento de luz na faixa visível e outra que usa um espectrômetro no infravermelho próximo.
Gráfico mostra as regiões do céu que serão observados pelo Euclid, incluindo os levantamentos de áreas mais amplas (em azul) e profundas (amarelo). Imagem: ESA.
Já a segunda parte, o módulo de serviço, é composto de um sistema de geração e distribuição de energia elétrica, controle de atitude, eletrônica de processamento de dados, propulsão, controle térmico, telecomando e telemetria.
O lançamento será feito por meio do foguete Falcon 9, da SpaceX, a partir dos EUA. Inicialmente, o Euclid viajaria ao espaço com a ajuda de um foguete russo, porém, a parceria entre a ESA e a Roscosmos foi encerrada, diante da emergência da Guerra na Ucrânia.
Euclid vai auxiliar nas observações do James Webb
O Euclid será implantado no ponto Lagrange L2, a cerca de 1,5 milhão de quilômetros da Terra. O local abriga outros telescópios espaciais, como o Gaia e o James Webb.
Inclusive, é esperado que as observações do Euclid auxiliem nas pesquisas feitas com o Webb. Como o telescópio da ESA terá um campo de visão mais amplo, ele vai poder localizar estruturas massivas, como buracos negros, para que o James Webb seja apontado na direção certa para ter uma visão mais detalhada.
O objetivo é que o Euclid permita reduzir algumas inconsistências astronômicas. Um exemplo é uma observação de seis galáxias na última semana pelo Webb, que aparentam desafiar a teoria cósmica. Elas são muito massivas para terem se formado tão rapidamente após o Big Bang.
Após a implantação, é esperado que as observações científicas do Euclid iniciem em outubro. Porém, a agência espacial já afirma que as primeiras descobertas surgirão apenas em alguns meses (ou anos), diante da quantidade sem precedentes de dados que ele irá coletar.
O telescópio espacial Euclid é uma missão totalmente europeia, construída e operada pela ESA, mas com algumas contribuições de parceiros internacionais. O consórcio envolve o trabalho de mais de dois mil cientistas, 300 institutos de pesquisa, além de 13 países europeus, bem como Estados Unidos, Canadá e Japão.
Hemerson é editor e repórter, escrevendo sobre espaço, tecnologia e, às vezes, sobre outros temas da cultura nerd. Grande entusiasta da astronomia, também é interessado em exploração espacial e fã de Star Trek.
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