Foram necessários muitos anos para que a presença negra nos videogames se tornasse algo comum. Antes da virada do século, personagens não brancos eram limitados a estereótipos por conta da falta de diversidade entre os próprios desenvolvedores dos jogos.
Na semana da Consciência Negra, vamos acompanhar a história de um jogo desbravador. Acompanhe:
Hoje, personagens negros marcantes, como CJ (“GTA: San Andreas”), Miles Morales (“Spider-Man”) e Aveline de Grandpré (“Assassin’s Creed: Liberation”), não são novidades, mas fazem parte de uma longa história que começou lá na década de 70.
O pioneiro em representatividade negra nos games é “Heavyweight Champ”, conhecido popularmente por ser o jogo a iniciar o gênero de luta e também por ser o primeiro a ter um personagem negro. O título é considerado um jogo perdido, já que não existem informações sobre cópias funcionais disponíveis no mundo ou registros em vídeos do game.
Desenvolvido e lançado pela SEGA em 1976, o game de arcade fez bastante sucesso em seu lançamento e alcançou o posto de terceiro game mais vendido do Japão, no ano em que foi lançado.
O jogo de de boxe multiplayer foi desenvolvido em escalas de cinza e tinha apenas dois personagens jogáveis, um mais escuro e um claro. Se na época em que o game foi lançado havia alguma dúvida sobre a raça do personagem, na remake, de 1987, as dúvidas foram encerradas.
A segunda versão de “Heavyweight Champ” trazia algumas mudanças em relação à original, como perspectiva em terceira pessoa, com a câmera nas costas do lutador controlado pelo jogador. Além disso, o game não disponibilizava mais a versão multiplayer, apenas um modo single-player, onde era preciso enfrentar uma série de outros lutadores em sequência.
O game também foi um enorme sucesso e ocupa o quinto jogo de arcade mais vendido no ano seguinte, 1988.
Nas décadas de 80 e 90 surgiram mais jogos com personagens negros, no entanto, a grande maioria estava limitada a jogos de esportes e luta “beat’em ups”. Jogos de luta famosos da década de 90 também introduziram alguns personagens icônicos, como Balrog, em “Street Fighter”, e Jax, de “Mortal Kombat”.
Hoje é muito comum ver personagens negros em games, mas ainda é necessário percorrer um longo caminho para combater o racismo.
“God of War – Ragnarok”, jogo com maior número de indicações ao The Game Awards — 20 no total — é indiscutivelmente um dos melhores do ano, mas antes de seu lançamento, quando a Sony divulgou trailer, foi alvo de uma série de manifestações racistas por conta de uma personagem negra.
Parte da comunidade fã de “GoW” atacou a personagem Angrboda (gigante esposa de Loki, o Deus da Trapaça, na mitologia nórdica) com ofensas racistas. Muitos comentários se posicionaram contra a escolha da raça da personagem, argumentando que por ser da mitologia nórdica, não poderia ter pele negra.
Desenvolvedores do jogo saíram em defesa da personagem e da escolha de sua raça, mas, infelizmente, o acontecimento de Ragnarok não é isolado.