Consciência Negra: “Heavyweight Champ” (1976), a história do 1º game com um negro

Conheça um pouco mais de "Heavyweight Champion", da SEGA, o pioneiro em representatividade negra nos games e que se perdeu ao longo do tempo, com pouquíssimos registros
Heavyweight champ
Imagem: Wikimedia Commons/Reprodução

Foram necessários muitos anos para que a presença negra nos videogames se tornasse algo comum. Antes da virada do século, personagens não brancos eram limitados a estereótipos por conta da falta de diversidade entre os próprios desenvolvedores dos jogos.

Na semana da Consciência Negra, vamos acompanhar a história de um jogo desbravador. Acompanhe:

Hoje, personagens negros marcantes, como CJ (“GTA: San Andreas”), Miles Morales (“Spider-Man”) e Aveline de Grandpré (“Assassin’s Creed: Liberation”), não são novidades, mas fazem parte de uma longa história que começou lá na década de 70.

O pioneiro em representatividade negra nos games é “Heavyweight Champ”, conhecido popularmente por ser o jogo a iniciar o gênero de luta e também por ser o primeiro a ter um personagem negro. O título é considerado um jogo perdido, já que não existem informações sobre cópias funcionais disponíveis no mundo ou registros em vídeos do game.

Desenvolvido e lançado pela SEGA em 1976, o game de arcade fez bastante sucesso em seu lançamento e alcançou o posto de terceiro game mais vendido do Japão, no ano em que foi lançado.

O jogo de de boxe multiplayer foi desenvolvido em escalas de cinza e tinha apenas dois personagens jogáveis, um mais escuro e um claro. Se na época em que o game foi lançado havia alguma dúvida sobre a raça do personagem, na remake, de 1987, as dúvidas foram encerradas.

A segunda versão de “Heavyweight Champ” trazia algumas mudanças em relação à original, como perspectiva em terceira pessoa, com a câmera nas costas do lutador controlado pelo jogador. Além disso, o game não disponibilizava mais a versão multiplayer, apenas um modo single-player, onde era preciso enfrentar uma série de outros lutadores em sequência.

O game também foi um enorme sucesso e ocupa o quinto jogo de arcade mais vendido no ano seguinte, 1988.

Nas décadas de 80 e 90 surgiram mais jogos com personagens negros, no entanto, a grande maioria estava limitada a jogos de esportes e  luta “beat’em ups”. Jogos de luta famosos da década de 90 também introduziram alguns personagens icônicos, como Balrog, em “Street Fighter”, e Jax, de “Mortal Kombat”.

Hoje é muito comum ver personagens negros em games, mas ainda é necessário percorrer um longo caminho para combater o racismo.

“God of War – Ragnarok”, jogo com maior número de indicações ao The Game Awards — 20 no total — é indiscutivelmente um dos melhores do ano, mas antes de seu lançamento, quando a Sony divulgou trailer, foi alvo de uma série de manifestações racistas por conta de uma personagem negra.

Parte da comunidade fã de “GoW” atacou a personagem Angrboda (gigante esposa de Loki, o Deus da Trapaça, na mitologia nórdica) com ofensas racistas. Muitos comentários se posicionaram contra a escolha da raça da personagem, argumentando que por ser da mitologia nórdica, não poderia ter pele negra.

Desenvolvedores do jogo saíram em defesa da personagem e da escolha de sua raça, mas, infelizmente, o acontecimento de Ragnarok não é isolado.

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Vinicius Marques

Vinicius Marques

É jornalista, vive em São Paulo e escreve sobre tecnologia e games. É grande fã de cultura pop e profundamente apaixonado por cinema.

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