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Consumo de maconha está relacionado à infertilidade masculina

Mesmo o sêmen de ex-fumantes foram afetados

Foto: Getty Images

Se você pensa que usar maconha tem efeito apenas na mente, aqui vai um aviso: um novo estudo publicado na revista Therapeutic Advances in Urology indica que homens que fazem uso da erva tendem a apresentar espermatozoides danificados, — infertilidade. 

Omer A. Raheem, professor assistente de urologia na Escola de Medicina da Universidade de Tulane e autor principal da pesquisa disse que este é uma das primeiras análises que mostram perda de qualidade do sêmen em ex-fumantes e fumantes atuais, em comparação com pessoas que não fumam. 

Os resultados foram obtidos após a análise do sêmen de 409 homens no estado Washington, Estados Unidos, onde o uso recreativo de maconha é legal. Os voluntários também foram submetidos a um questionário sobre o fumo. Desses, 174 relataram uso de maconha, com 71 fumantes atuais e 103 ex-fumantes. 

Após as análises serem comparadas com os 235 não-fumantes, os que faziam uso da maconha atualmente e que já usaram em algum momento apresentaram duas vezes mais chances de desenvolver espermatozoides anormais, além de possuírem uma quantidade menor no volume de sêmen.

“Isso é significativo porque acrescenta evidências em evolução dos impactos negativos potenciais da maconha na reprodução humana”, falou Raheem. Ainda assim, ele explica que a pesquisa não deixa claro se essas alterações são irreversíveis ou se há tempo para recuperar a normalidade do sêmen, após a interrupção do uso de maconha. Para isso, mais pesquisas seriam necessárias e outros estudos randomizados (escolhidos de forma aleatória). 

O estudo também descobriu que, embora esses fatores já apresentados dificultem a funcionalidade do sêmen, fumar maconha tem um ponto positivo: os espermatozoides dos fumantes e ex-fumantes são mais rápidos. O que isso quer dizer? Que eles demoram menos tempo para chegar ao destino final, o que diminuiria a taxa de morte no meio do caminho. 

As discussões vão além. Estima-se que o consumo de maconha tenha crescido 60% nos últimos anos. Em 2016, o Relatório Mundial Sobre Drogas apontou que a cannabis foi consumida por 192 milhões de pessoas, que a usaram ao menos uma vez ao longo do ano. Outros estudos indicam que a maconha não só pode tornar o homem infértil, como diminui a quantidade de testosterona, além de trazer maior risco de doenças cardiovasculares.

No Brasil, o uso recreativo da maconha continua sendo proibido. A lei 11.343, de 2006, institui o sistema nacional de políticas públicas sobre drogas. A legislação proíbe “o plantio, a cultura, a colheita e a exploração de vegetais e substratos dos quais possam ser extraídas ou produzidas drogas”. E o debate sobre a legalização ainda está longe de ser resolvido. 

[Futurity]

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