Contagem de estrelas pode revelar como a Covid-19 afetou a poluição luminosa

Organizações britânicas estão pedindo para as pessoas documentarem quantas estrelas eles podem ver dentro da constelação de Orion.
Nesta imagem de múltiplas exposições, a London Millennium Footbridge está iluminada sob as estrelas em uma noite clara de 21 de abril de 2020 em Londres. O céu claro criado pela lua nova coincide com a chuva de meteoros Lyrid, uma exibição anual causada pela passagem da Terra por uma nuvem de destroços de um cometa chamado C/186 Thatcher. Crédito: Simon Robling (Getty Images)

Não podemos ir a bares ou restaurantes, mas para uma noite romântica durante a pandemia, considere ir a um parque para contar as estrelas. Como um bônus adicional, seu pequeno encontro pode ajudar a ver se os lockdowns devido à Covid-19 afetaram a poluição luminosa (quando há um excesso de luz artificial, como ocorre nos grandes centros urbanos).

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A sugestão vem da 14ª campanha anual de “contagem de estrelas” da instituição de caridade britânica CPRE (a instituição de caridade rural anteriormente conhecida como Campaign to Protect Rural England) e da Comissão para Céus Escuros da Associação Astronômica Britânica. As organizações estão convocando pessoas em toda a Inglaterra para documentar quantas estrelas elas podem ver dentro da constelação de Orion de vários locais em todo o país, e registrando suas observações até o Dia dos Namorados (celebrado em 14 de fevereiro na região). O CPRE diz que a visibilidade de 10 ou menos estrelas “indica poluição luminosa severa”.

Onde procurar estrelas. Imagem: CPRE

O CPRE usará os dados para mapear as localizações mais estreladas da Inglaterra e também comparar as descobertas dos participantes com as da pesquisa do ano passado para determinar se os lockdowns durante a pandemia aumentaram ou não a visibilidade das estrelas devido à diminuição da atividade industrial e comercial. Campanhas científicas semelhantes foram realizadas pela International Dark Sky Association e pela Universidade de Melbourne da Austrália.

A contagem de estrelas da CPRE em 2020 – realizada apenas um mês antes do início das restrições da pandemia – revelou que 61% dos participantes viviam com poluição luminosa severa. E o problema vai muito além da Inglaterra; dados do Atlas Mundial de Brilho Celeste Artificial Noturno mostram que mais de 80% das pessoas em todo o mundo, incluindo 99% das que vivem nos EUA e na Europa, residem em áreas onde a Via Láctea é praticamente invisível devido ao excesso de luz artificial. A organização quer usar as descobertas dos cientistas cidadãos para defender soluções para a poluição luminosa.

“Ao participar do Star Count, as pessoas estarão nos ajudando a fazer lobby com o governo por mais proteção contra essa questão muitas vezes esquecida, mas vital, de nossas áreas rurais”, disse Crispin Truman, presidente-executivo da CPRE, em um comunicado.

Esperemos que o lobby da CPRE não deixe outras questões importantes caírem no esquecimento. No passado, a organização foi criticada por se opor à construção de habitação a preços acessíveis na zona rural inglesa. Felizmente, existem maneiras justas e não conflituosas de limitar a poluição luminosa, incluindo reprimir o uso desnecessário de luz pelas empresas e implantar luminárias com uma potência mais limitada.

Se bem feitas, as ações para preservar a escuridão podem ser importantes para além de simplesmente melhorar a observação das estrelas. A poluição luminosa pode ser – como o termo sugere – perigosa. O excesso de brilho pode ameaçar plantas e animais que prosperam em ambientes escuros e também pode atrapalhar a bioquímica dos seres humanos. Está até relacionado a complicações na gravidez e redução do peso ao nascer, de acordo com uma pesquisa publicada no mês passado. Grande parte da luz usada globalmente também é criada pela rede de energia movida a combustíveis fósseis, o que significa que regiões excessivamente brilhantes podem indicar que a energia poluente está sendo usada desnecessariamente.

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