Contaminação por Covid foi muito maior do que imaginávamos, diz OMS
Seja pela vacina ou contato com o vírus, pelo menos dois terços da população global têm anticorpos para se defender da Covid. A conclusão é da OMS (Organização Mundial da Saúde), que analisou centenas de estudos de soroprevalência de 2020 até abril deste ano.
Segundo o estudo, publicado na revista PLOS Medicine, a proporção de pessoas com anticorpos para o vírus aumentou de 7,7% em junho de 2020 para 59,2% em setembro de 2021. Com a vacinação em massa, esse número só cresceu desde então.
O levantamento é importante porque reúne informações de mais de 5 milhões de pessoas em todo o mundo – inclusive de países mais pobres que dificilmente entravam neste tipo de pesquisa.
Os dados também mostram uma grande probabilidade de que o vírus tenha contaminado muito mais pessoas do que os números mostravam durante a pandemia.
Até esta sexta-feira (11), o painel da OMS conta mais de 630,6 milhões de casos confirmados de Covid, incluindo 6,5 milhões de mortes. Se o estudo estiver certo, o mais provável é que bilhões de pessoas entraram em contato com o vírus.
Essa era uma dúvida constante durante a pandemia, especialmente por causa da desigualdade na contagem dos casos. Enquanto países, como a China e Reino Unido, rastrearam as contaminações de Covid de perto, outros patinavam na contagem oficial, como foi o caso do Brasil e de vários países na África.
Anticorpos não garantem imunização
O fato de dois terços da população global ter anticorpos contra a Covid não é garantia de que todo mundo esteja imune ao vírus. A OMS alerta que o risco de reinfecção com a variante ômicron – e outras que possam eventualmente surgir – persiste.
Prova disso é a nova onda de casos no Brasil. Segundo levantamento do Instituto Todos pela Saúde (ITpS), a taxa de exames positivos para a doença em laboratórios particulares passou de 3% para 17% em menos de um mês. Isso equivale a uma alta de 566%.
Para evitar que voltemos à pandemia de Covid, a OMS indica a implementação de um sistema global para acompanhar o avanço de casos. Caso implementada, a rede deveria contar com a colaboração de todos os países, de forma padronizada.
“É o próximo passo crucial para monitorar a pandemia de Covid e contribuir para a preparação para outros patógenos respiratórios emergentes”, disseram os pesquisadores em comunicado.