Por incrível que pareça, a Fifa tem mais países-membros que a ONU (Organização das Nações Unidas), a maior entidade internacional do mundo. Ao todo, a Federação Internacional de Futebol Association reúne 211 nações, enquanto a ONU tem 193.
Para entender porque isso acontece, precisamos voltar a 1974. À época, a direção da Fifa ficou a cargo do brasileiro João Havelange – o único não-europeu a presidir a federação até hoje.
Durante seu mandato, Havelange tornou possível que a Fifa começasse a aceitar novos membros que não fossem necessariamente reconhecidos como países. Assim, territórios podem entrar como entidades independentes.
É o que acontece, por exemplo, com a Inglaterra e a Irlanda do Norte. Na Fifa, cada um entra com uma equipe de futebol.
O mesmo acontece com outras 12 bandeiras do Reino Unido, como Escócia, País de Gales e territórios ultramarinos como Anguilla, Bermudas, Gibraltar, Montserrat, Ilhas Turcas e Caicos.
Na ONU, todos esses territórios não entram sozinhos, mas pertencem à entidade conjunta que é o Reino Unido. Por causa dessa separação – e por não ter uma seleção própria –, o Reino Unido não integra a Fifa.
Territórios independentes – só na Fifa
Na China, os territórios semi-autônomos de Hong Kong e Macau, e a ilha de Taiwan, também têm suas próprias delegações na federação de futebol. Mas, na ONU, todos se reportam a Pequim.
O caso de Taiwan é emblemático porque envolve tensões geopolíticas históricas. A ilha tem um governo independente desde 1949, quando deixou a China continental após uma guerra civil.
Em 1971, a ONU e os EUA reconheceram o território como chinês. Mas há controvérsias: em meio a disputas com Pequim, Washington já realizou visitas diplomáticas e negocia vendas de armas com Taipé – algo que a China reprova abertamente. Taiwan diz que é independente, enquanto Pequim reitera que a província é parte de seu território.
A Fifa ainda inclui a Palestina e Kosovo, que são territórios que se autodeclaram países independentes. Os dois têm suas próprias seleções de futebol, mas não têm a existência reconhecida pela ONU ou comunidade internacional.
Há outros territórios que estão na Fifa, mas sem grandes conflitos internacionais. É o caso de Guam, Porto Rico, Ilhas Virgens Americanas e Samoa Americana, que são “independentes” na Fifa, mas são representados pelos EUA na ONU.
As ilhas caribenhas Aruba e Curaçao, que pertencem à Holanda, também têm suas próprias seleções, assim como as Ilhas Cook (Nova Zelândia), Ilhas Faroé (Dinamarca) e Nova Caledônia (França).
Mas ainda existem nações que estão na ONU, mas não disputam o Mundial. São eles: Kiribati, Ilhas Marshall, Micronésia, Nauru, Palau e Tuvalu.