Coreia do Norte executa 2 jovens por assistir e compartilhar séries da Coreia do Sul

Jovens de 16 e 17 anos teriam sido fuzilados após assistir e distribuir conteúdo produzido na Coreia do Sul, país vizinho e inimigo do governo norte-coreano.
Coreia do Norte executa 2 jovens por assistir e compartilhar séries da Coreia do Sul
Imagem: Xue Siyang/WikiCommons/Reprodução

Testemunhas disseram à RFA (Radio Free Asia) que um pelotão de fuzilamento da Coreia do Norte executou dois jovens por assistir e distribuir doramas, as famosas séries da Coreia do Sul. Um terceiro jovem também teria sido morto por matar sua madrasta. 

Segundo duas fontes não identificadas, a população da cidade de Hyesan, na fronteira com a China, foi forçada a assistir ao fuzilamento no aeródromo da cidade, em outubro.

“As autoridades colocaram os estudantes na frente do público, os condenaram à morte e imediatamente atiraram neles”, disse a suposta testemunha. 

Segundo o morador, as autoridades afirmaram que não haverá perdão àqueles que assistem ou distribuem dramas da Coreia do Sul ou perturbam a ordem com o assassinato de outras pessoas. “Serão condenados à pena máxima”, relatou.

Os adolescentes, de 16 e 17 anos, teriam sido pegos tentando vender pen drives com mídia contrabandeada. Pouco antes, o governo norte-coreano teria anunciado o endurecimento das penas aos crimes envolvendo mídia estrangeira. 

Cidadãos que são pegos assistindo a filmes estrangeiros podem ir para centros de trabalhos disciplinares. Em caso de reincidência, os pais ou responsáveis dos menores também podem pagar pelo crime com cinco anos de trabalho correcional. 

Produções coreanas além das fronteiras

Os filmes e séries da Coreia do Sul já são um sucesso em todo o mundo. A produção “Round 6”, por exemplo, é até hoje a série mais vista da história da Netflix.

Segundo o streaming, a produção foi vista por mais de 100 milhões de perfis em 111 milhões de lares em todo o mundo. Foram 1,65 bilhão de visualizações em seus primeiros 28 dias de lançamento — um recorde que não deve ser superado tão cedo.

A série integra a onda de impulsos do governo sul-coreano na Hallyu, ou “onda coreana”, produtos culturais que vão desde grupos de K-pop, o gênero musical coreano, até os doramas, ou dramas coreanos. Em 2020, o filme “Parasita” foi o vencedor do Oscar — o primeiro estrangeiro a ganhar a categoria de “Melhor Filme”.

Seul não só apoia este movimento, como investe nele. Só em 2020, a Coreia do Sul investiu 1,69 trilhão de wons (mais de R$ 7,6 bilhões na conversão direta) para fomentar o cenário cultural. Isso traz retorno ao país, como a venda de produtos relacionados aos artistas e também influência global.

O BTS, por exemplo, é um enviado diplomático do governo sul-coreano na ONU (Organização das Nações Unidas) e já visitou chefes de Estado, como o presidente dos EUA, Joe Biden, como representantes do país.

A Coreia do Norte, por sua vez, classifica a ação do país vizinho como “decadente” e o classifica como “fantoche dos Estados Unidos”. Em 2021, o líder norte-coreano, Kim Jong-un, comparou o K-pop a um “câncer vicioso” responsável por corromper a juventude, relatou o NY Times.

Julia Possa

Julia Possa

Jornalista e mestre em Linguística. Antes trabalhei no Poder360, A Referência e em jornais e emissoras de TV no interior do RS. Curiosa, gosto de falar sobre o lado político das coisas - em especial da tecnologia e cultura. Me acompanhe no Twitter: @juliamzps

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