Ciência

Coronavírus foi registrado nos EUA antes da China fazer alerta mundial

Antes de saberem que o coronavírus desencadearia a pandemia de Covid-19, banco de dados dos EUA recebeu sequência incompleta do SARS-CoV-2
Imagem: Wikimedia Commons/ Reprodução

No dia 12 de janeiro de 2020, um sequenciamento do coronavírus foi publicado pela primeira vez no GenBank, repositório que fornece acesso público a dados de sequência genética relacionados a vários aspectos da vida. Apenas dois dias depois, a farmacêutica Moderna começou a conceber a vacina contra o vírus da Covid-19.

Agora, de acordo com a CNN, documentos do governo dos Estados Unidos identificaram que a informação poderia ser divulgada antes. Isso teria acelerado o desenvolvimento de vacinas, por exemplo, e poupado vidas.

Entenda o que aconteceu

Quando há um novo vírus se tornando uma ameaça de saúde, cientistas passam a estudá-lo, a fim de conhecer suas características, como por exemplo a proteína spike. Esse processo é essencial para entender como o microrganismo interage com o corpo humano e o que é necessário para combatê-lo. 

Por isso, o sequenciamento do coronavírus, no início da pandemia de Covid-19, foi muito importante: ele permitiu o desenvolvimento das vacinas, que hoje contêm a doença. No entanto, documentos mostram que o vírus poderia ter se tornado conhecido cerca de duas semanas antes.

De acordo Dra. Melanie Egorin, secretária assistente de legislação do Departamento de Saúde e Serviços Humanos dos EUA, virologistas chineses já haviam enviado ao GenBank uma sequência muito parecida do coronavírus no dia 28 de dezembro de 2019.

Contudo, como a submissão estava incompleta, Egorin pediu revisão, que nunca foi respondida. Dessa forma, especialistas alegam que houve negligência dos cientistas chineses. Para eles, a divulgação pública imediata do que se sabia sobre a estrutura do coronavírus poderia ter acelerado em várias semanas o desenvolvimento de vacinas.

Por isso, eles acreditam que a sequência deveria ter sido anunciada ainda no final de 2019, mas marcada como dado preliminar. Na época, ainda não havia conhecimento de que o vírus desencadearia a pandemia de Covid-19.

Dessa forma, especialistas alertam que esse é um exemplo que evidencia como o compartilhamento rápido dos dados é essencial para a ciência e a saúde.

Bárbara Giovani

Bárbara Giovani

Jornalista de ciência que também ama música e cinema. Já publicou na Agência Bori e participa do podcast Prato de Ciência.

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