Couro de micélio: conheça o material produzido a partir de fungo regenerativo

Acredita-se que o material pode ser um substituto promissor para o couro animal. Só que os pesquisadores precisam, primeiro, controlar seu crescimento. Entenda
Fungo de planta infecta humano pela primeira vez
Imagem: Wikimedia Commons/Reprodução

Um grupo de cientistas tem estudado um tipo de couro vegetal feito a partir de um fungo que pode se regenerar naturalmente. Como descreve um artigo publicado na revista científica Advanced Functional Materials, acredita-se que o material pode ser um substituto promissor para o couro animal.

O estudo foi liderado por Elise Elsacker, pós-doutoranda no Departamento de Bioengenharia e Microbiologia da Universidade Vrije, em Bruxelas (Bélgica). Sua equipe conseguiu produzir um couro auto-recuperável a partir do micélio, conjunto de filamentos finos e ramificados que compõem o corpo vegetativo dos fungos.

O micélio é responsável por extrair nutrientes do substrato onde o fungo se desenvolve e também por interagir com outros organismos presentes no ambiente.

Os pesquisadores tinha a hipótese de que caso as condições de produção fossem ideais, o micélio poderia reter sua capacidade de crescer novamente se fosse danificado. O fungo foi, então cultivado em uma “sopa” rica em nutrientes para criar um couro vegetal.

A imagem mostra clamidósporos.

Os clamidósporos são nódulos encontrados no micélio dos fungos que podem voltar à vida quando expostos a nutrientes adequados. Eles ficam adormecidos em um couro perfurado (imagem à esquerda). Quando os nutrientes são fornecidos, os clamidósporos se reanimam e o couro é reparado (imagem do meio), embora pequenas manchas ainda possam ser visíveis no couro reparado (imagem à direita). Imagem: Elise Elsacker/Advanced Functional Materiais, 2023.

Depois de fazer furos no material, os pesquisadores conseguiram reviver os clamidósporos do micélio mergulhando a área no caldo usado para cultivá-lo. O micélio eventualmente cresceu sobre as perfurações e a área danificada foi tão grande quanto a área não danificada, embora com reparos visíveis.

A técnica poderá ser vendida já a partir da próxima década. Entretanto, os pesquisadores precisam fortalecer o couro e controlar o crescimento dos clamidósporos para evitar que o material cresça de forma descontrolada.

 

 

 

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