Pense na Groenlândia. As montanhas da região que ficam em contato direto com o mar possuem na base uma camada de gelo. Dentro de um mundo em equilíbrio, essa camada é alimentada pela neve que escorre do topo dos montes.
Porém, se houver menos gelo no topo, a base também não engrossará o suficiente, permitindo que a geleira derreta e aumente o nível do oceano. Um estudo publicado na revista Nature Climate Change sugere que o gelo derretido da Groenlândia contribuirá para um aumento do nível do mar de pelo menos 27 centímetros.
Não há salvação. Mesmo que o mundo reduza as emissões de carbono, a região fria ainda estará fadada a perder 3,3% de seu volume total de água congelada. O gelo condenado é também chamado por cientistas de gelo zumbi, o que significa que ele já morreu e está apenas caminhando para o sumiço.
Vale lembrar que 27 centímetros é o valor mínimo. No pior cenário, os pesquisadores estimam que o nível do mar poderia subir até 78 centímetros. De acordo com a equipe, há mais de 120 trilhões de toneladas de gelo zumbi que não tem as bordas reabastecidas devido às mudanças climáticas.
Ambos os números são muito maiores do que aqueles apresentados no último ano em relatório do Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas. Na época, as autoridades projetaram que o derretimento da Groenlândia levaria a um aumento do nível do mar entre 6 e 13 centímetros até o final da década.
O novo estudo não prevê uma data exata para que o valor seja atingido, mas os cientistas sugerem que isso possa acontecer até o ano 2150. O problema levará a inundação de regiões costeiras, tendo impactos sociais, econômicos e ambientais.