Um estudo da Universidade de Ghent, da Bélgica, mostrou que cachorros e humanos apresentam uma atividade cerebral bastante parecida quando estão em crise de ansiedade.
A pesquisa, publicada na quarta-feira (15), mostra que os cachorros ansiosos têm conexões neurais mais fortes entre a amígdala e regiões da rede de ansiedade do cérebro, como hipocampo, mesencéfalo, tálamo e lobo frontal.
Isso é significativo porque a amígdala e o hipocampo estão associados à memória, excitação e medo tanto nos cães quanto nos humanos. “As disfunções dessas regiões podem levar a sintomas de ansiedade como mais medo, menos excitabilidade, menos treinabilidade e assim por diante”, escrevem os pesquisadores.
Na análise dos padrões de atividade cerebral por trás de características específicas, como agressão, medo e capacidade de treinamento, os pesquisadores identificaram diversos paralelos entre cães nervosos e humanos ansiosos.
Um exemplo é que o apego excessivo ou busca por atenção podem ser associados à conectividade alterada no tálamo. Essa é uma relação já pavimentada nas pesquisas sobre a ansiedade em humanos.
Da mesma forma, cachorros que perseguem patologicamente ou são muito agressivos com outros cães também apresentaram alterações no lobo frontal. Estudos científicos em humanos já relacionaram disfunções nessa parte do cérebro com sintomas de depressão e ansiedade.
Como a pesquisa foi feita
O estudo fez varreduras nos cérebros de 38 cães de estimação com ressonância magnética funcional não invasiva (fMRI). Enquanto isso, os tutores preencheram um questionário de avaliação sobre o comportamento dos animais – uma forma de ajudar a avaliar o nível de ansiedade de cada cão.
Ao final, 13 cachorros receberam a classificação de ansiosos e 25 de saudáveis. Os pesquisadores fizeram as imagens dos cérebros dos animais enquanto eles dormiam. Isso permitiu que observassem as diferenças na conectividade cerebral funcional entre os dois grupos.
Segundo a equipe de cientistas, as descobertas fornecem informações importantes sobre os mecanismos fisiopatológicos da ansiedade em cães. No futuro, esse conhecimento o que pode levar a terapias mais personalizadas e eficazes.
Além disso, abre caminho para uma compreensão maior do comportamento humano e animal. “Do ponto de vista clínico futuro, os resultados do nosso estudo são relevantes para o tratamento de pacientes com transtornos de ansiedade tanto na medicina humana quanto na veterinária”, disse Yangfeng Xu, o principal autor do estudo, ao site IFLScience.
Ele também disse que a pesquisa tem planos de usar a estimulação magnética transcraniana para tratar cães ansiosos no futuro.